Jorge Silva Melo (1948-2022): a cultura portuguesa perdeu o seu agente provocador
Instigador de duas das mais revolucionárias experiências dos palcos nacionais, o Teatro da Cornucópia e os Artistas Unidos, era um intelectual total mas também um fazedor incansável, e insaciável. Encenador, actor, cineasta, dramaturgo, crítico, tradutor, editor, cronista, divulgador, a ele se ficam a dever inúmeros encontros fundadores e inúmeras fulgurações das artes portuguesas do pós-25 de Abril – e uma prodigiosa descendência.
Por esta altura do ano, os textos de Jorge Silva Melo enchiam-se de jacarandás. Tal como em António, Um Rapaz de Lisboa – o memorável espectáculo com que em 1995 se lançou na sua derradeira grande aventura, os Artistas Unidos –, a cidade onde nasceu e se tornou adulto, de onde várias vezes saiu e a que sempre regressou, era uma das protagonistas da vida deste encenador, actor, cineasta, dramaturgo, crítico, tradutor, editor e cronista que muitos tiveram o privilégio extra de conhecer, mais privadamente, como conversador incansável e insaciável, pinga-amor invariavelmente apaixonado por este e por aquele actor ou autor, imprescindível biblioteca ambulante, ou (porque também o era) sibilino, e por vezes dolorosamente certeiro, franco-atirador.
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