Defesa ucraniana garante que Kiev ainda não está cercada

Artilharia russa destruiu edifício residencial na capital, matando pelo menos duas pessoas, e atingiu fábrica de aviões Antonov nos arredores da cidade.

Foto
Edifício residencial destruído pela artilharia russa em Kiev EPA/ROMAN PILIPEY

Kiev acordou esta segunda-feira com a destruição de um edifício residencial que causou pelo menos duas mortes mas, ao 19.º dia de guerra, a capital da Ucrânia continua à espera do anunciado assalto das tropas invasoras.

“Quase todos os avanços russos na Ucrânia estão parados”, afirmou um responsável norte-americano, citado pela CNN, incluindo Kiev na lista dos aparentes fracassos operacionais da ofensiva da Rússia: a longa coluna militar em direcção à capital não progrediu significativamente durante o fim-de-semana, com as forças ucranianas a conseguirem atacar com sucesso a “capacidade logística” do inimigo.

No dia em que o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, admitiu que o objectivo russo é o controlo total das principais cidades, do lado ucraniano o responsável pela defesa de Kiev assegurou que a capital não se encontra sitiada. “Como chefe da administração militar de Kiev e como soldado, posso garantir que não há neste momento um cerco à cidade”, afirmou o general Mikola Zhirnov numa entrevista ao portal ucraniano HB.

Zhirnov salientou que “a situação é semelhante” nas vias de comunicação que ligam a capital a outras cidades da região, como Obukhiv e Boryspil, afirmando que as tropas russas ainda não conseguiram assumir o controlo da longa estrada que liga Kiev a Odessa, a E95.

“Temos as zonas leste e sul sob controlo, bem como cada uma das cidades da região de Kiev”, afirmou Zhirnov, enumerando Irpin, Bucha e Hostomel como as localidades mais perigosas em redor da capital, bem como a auto-estrada que liga as cidades de Zhitomir e Makariv e a parte norte do distrito de Vishgorod.

“As nossas forças armadas estão agora melhor equipadas do que no início da invasão russa, o inimigo sofreu perdas significativas”, disse ainda o responsável militar da capital ucraniana.

A mesma ideia foi referida por Vadym Denysenko, assessor do ministro do Interior da Ucrânia. “Apenas Mariupol está completamente cercada. Todas as outras continuam a defender-se”, afirmou.

Com aparentes poucos avanços no terreno, o exército russo tenta destruir a resistência ucraniana com ataques aéreos e bombardeamentos intensivos com fogo de artilharia. Segundo o porta-voz Dmitri Peskov, o Presidente russo, Vladimir Putin, “ordenou ao Ministério da Defesa que não lançasse um ataque rápido aos grandes centros urbanos, incluindo Kiev”, para evitar pesadas baixas civis.

Nesta segunda-feira, o ataque a um prédio residencial na capital matou pelo menos duas pessoas e feriu outras 12. Na sua conta no Telegram, os serviços de emergência ucranianos anunciaram que um prédio de oito andares no distrito de Obolon, no norte de Kiev, foi atingido ao amanhecer, presumivelmente “por fogo de artilharia”, causando um incêndio que foi entretanto controlado pelos bombeiros.

Maksim Korovii, morador no prédio atingido, disse que se escondeu num armário depois de ser acordado pela sua mãe, com fumo e poeira por toda parte.

“Pensámos que estávamos a ser capturados, que os russos estavam a entrar pela porta. Mas estávamos errados. Saímos do apartamento e vimos que a escada já não existia, havia fogo por todo o lado”, disse, citado pela Reuters. “Conseguimos vestir as roupas que tínhamos à mão e fugimos de varanda em varanda até conseguirmos descer pelo prédio ao lado”.

Caíram também projécteis nos subúrbios de Irpin, Bucha e Hostomel, informou o chefe do governo regional, Oleksiy Kuleba, à televisão ucraniana. Três rockets russos atingiram também a fábrica de aviões Antonov, nos arredores de Kiev, a mais importante da Ucrânia, onde se produzem muitos dos maiores aviões de carga do mundo.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários