Guerra na Ucrânia. Oito a 13 milhões de pessoas podem ficar em risco de subnutrição em todo o mundo
Director-geral da FAO diz que “interrupções nas cadeias de produção, fornecimento e transporte de grãos e as restrições impostas às exportações da Rússia, terão repercussões na segurança alimentar”. O Egipto, a Turquia, o Bangladesh e o Irão, que compram mais de 60% do seu trigo à Ucrânia e à Rússia, serão os mais afectados.
Oito a 13 milhões de pessoas no mundo poderão sofrer de subnutrição se o bloqueio às exportações de alimentos da Ucrânia e Rússia perdurarem devido à guerra, alertou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter alertado que a Europa e África seriam “profundamente destabilizadas em termos de alimentos” nos próximos 12 a 18 meses devido à guerra, o director-geral da FAO, Qu Dongyu, detalhou quais países seriam afectados e qual a extensão.
Em comunicado, o director-geral da FAO disse que “as interrupções nas cadeias de produção, fornecimento e transporte de grãos e oleaginosas, e as restrições impostas às exportações da Rússia, terão repercussões significativas na segurança alimentar”.
“Este é particularmente o caso de cerca de 50 países que dependem das importações de trigo e que obtêm 30% ou mais de seu trigo da Rússia e da Ucrânia”, acrescentou.
Segundo referiu, “Egipto, Turquia, Bangladesh e Irão, que são os maiores importadores, compram mais de 60% do seu trigo à Ucrânia e Rússia (...). Líbano, Tunísia, Iémen, Líbia e Paquistão também são fortemente dependentes desses dois países para o fornecimento de trigo”.
Se a redução das exportações da Ucrânia e da Rússia perdurar, “o número global de pessoas subnutridas poderá aumentar de 8 a 13 milhões em 2022 e 2023”, estima a organização numa nota informativa publicada em paralelo.
As regiões mais afectadas seriam Ásia-Pacífico, África Subsaariana, Médio Oriente e Norte de África.
A organização internacional recomenda que os países continuem as trocas tanto quanto possível, a fim de “proteger as actividades de produção e comercialização destinadas a atender às procuras nacionais e mundiais”.
“Para o grande número de pessoas adicionais em todo o mundo que correm o risco de serem empurradas para a pobreza e a fome devido ao conflito, devemos fornecer programas de protecção social adequadamente direccionados sem demora”, disse Qu Dongyu.
A epidemia de covid-19 já teve o efeito de agravar a subnutrição mundial, com o número de pessoas afectadas a aumentar 1,5% em 2020, após cinco anos de relativa estabilização, segundo agências especializadas em insegurança alimentar no mundo.