Mondim de Basto quer criar rede de Levadas do Alvão
As da Madeira são imponentes e as mais famosas, mas não são únicas. Na serra do Alvão, as levadas podem ser a próxima atracção turística.
Na serra do Alvão há levadas que até integram percursos pedestres, mas há muitas mais para identificar, trabalhar e tornar uma atracção turística. É o que defende a autarquia de Mondim de Basto, apostada em criar uma rede de Levadas do Alvão.
As levadas mais famosas são as da Madeira, é certo, mas não são as únicas. Estes canais criados para transporte de água para irrigação dos campos podem encontrar-se noutros pontos do país, mas falta a reabilitação para o turismo e o investimento no domínio dos percursos pedestres.
No caso de Mondim de Basto, por exemplo, existe uma única levada homologada e sinalizada, a de Piscaredo: foi construída em 1913 e liga Vilar de Ferreiros a Mondim; são 8km. A experiência transmontana nas levadas foi destacada pelo presidente da autarquia, Bruno Moura Ferreira, à agência Lusa, na apresentação do projecto, na sexta-feira. “Os trasmontanos tiveram uma participação activa na construção das levadas da Madeira”, sublinhou o autarca. Cabeceiras de Basto e Ribeira de Pena também têm levadas, acrescenta-se.
Mondim de Basto defende a criação de uma rede destes caminhos de forma a tornarem-se uma atracção turística local. Identificar mais levadas na região num projecto que envolva as autarquias é um primeiro passo, indicou o autarca à agência, acrescentando que além do aproveitamento do “potencial turístico”, se poderá também reabilitar o regadio existente, garantir a manutenção dos lameiros que servem a agricultura e a pecuária e promover a biodiversidade.
A autarquia destacou ainda as obras de melhoramento nas condições de visita a outra grande atracção turística natural: as Fisgas de Ermelo, no rio Olo, Parque Natural do Alvão, com 400 metros de queda de água, considerada uma das maiores da Península Ibérica.
O projecto, já avançado em 2019 e que chegou a ser rejeitado pelo Turismo de Portugal, indicou o autarca à Lusa, inclui a construção de uma plataforma de madeira, melhorando as condições de acesso e observação, tornando o local também acessível a pessoas com mobilidade reduzida. A proposta, acrescenta-se, já foi alvo de uma candidatura a fundos comunitários – no valor de 414 mil euros, dos quais 183 mil euros são ver aplicados no miradouro –, estando agora a “decorrer a validação do projecto” junto de todas as entidades responsáveis pela área.
Uma antiga casa florestal reabilitada deverá tornar-se o centro interpretativo das Fisgas de Ermelo, com informação, oferta turística e promoção dos produtos do município. O centro deverá estar pronto a estrear em 2023.