Crianças detidas por levarem sinais antiguerra à embaixada da Ucrânia em Moscovo
Cinco crianças passaram a noite numa esquadra de Moscovo por colocarem flores e cartazes na embaixada ucraniana.
O Novaya Gazeta, o principal jornal independente da Rússia, confirmou que cinco crianças entre os sete e os 11 anos foram detidas na terça-feira à noite pela polícia russa por alegadamente colocarem flores e cartazes contra a guerra na embaixada ucraniana em Moscovo. As crianças e as duas mulheres que as acompanhavam já foram libertadas e irão agora ser sujeitas a um julgamento em tribunal.
“As crianças e as suas mães foram detidas e deixadas durante a noite na esquadra da polícia de Presnenski”, pode ler-se no tweet do jornal em russo, ao lado de uma foto que comprova a situação. “A polícia deteve-as quando colocaram flores na embaixada ucraniana”, acrescenta.
Além de levarem flores, as crianças seguravam também cartazes a dizer “não à guerra”, onde se podiam ver vários desenhos de bandeiras da Rússia e da Ucrânia a apelar à paz.
As imagens foram partilhadas numa publicação no Facebook por um político da oposição russa, Ilya Yashin, de acordo com o New York Post. “Nada fora do comum: apenas crianças numa carrinha da polícia a segurar cartazes antiguerra”, ironiza Yashin na publicação. “Esta é a Rússia de Putin, amigos, e vocês vivem aqui”, sublinha ainda.
Segundo um outro relato publicado na mesma rede social e que foi citado pelo Moscow Times, as crianças estiveram inicialmente detidas na carrinha da polícia e foram depois levadas para uma esquadra em Moscovo, onde passaram a noite juntamente com as mães.
Num vídeo partilhado pela mesma autora, Alexandra Arkhipova, podem-se ver ainda imagens das cinco crianças a chorarem atrás das grades. De acordo com Arkhipova, as duas mulheres que as acompanhavam terão sido alvos de ameaças sexuais por parte dos polícias.
As crianças foram libertadas nesta manhã de quarta-feira, depois de os seus advogados terem chegado, e terão de se apresentar agora em tribunal sob “acusações indefinidas”, segundo Alexandra Arkhipova. “Que crime terrível, as crianças levaram um cartaz!”, lê-se na publicação.