Da Apple ao Facebook, as gigantes tecnológicas castigam Moscovo
Órgãos de propaganda russos como a RT e o Sputnik estão barrados no YouTube, Facebook, Instagram e TikTok. Apple suspende venda de todos os seus produtos na Rússia.
As gigantes tecnológicas responsáveis por serviços como o YouTube, Reddit, Apple Pay, Instagram e TikTok estão a responder à invasão da Ucrânia com sanções digitais dirigidas aos órgãos de propaganda da Rússia. Ao mesmo tempo, algumas empresas estão a ceder espaço publicitário a organizações humanitárias a prestar auxílio na Ucrânia. O objectivo é diminuir o alcance de desinformação sobre a guerra no Leste da Europa e ajudar quem precisa de encontrar informação online.
Desde esta terça-feira que utilizadores a viver na região da Europa não conseguem aceder aos canais do YouTube ou às páginas do Facebook da RT (Russia Today) e do Sputnik, dois serviços de informação estatais russos há muitos anos acusados de difundir desinformação pró-Moscovo. O TikTok também os barrou. A decisão surge depois de a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen avançar que Bruxelas quer barrar os sites e impedi-los de “espalhar mentiras para justificar a guerra de Putin”.
Mas as redes sociais não se ficam por aqui. O Google, o Facebook e o Twitter também limitaram a compra de anúncios por parte de entidades russas — isto quer dizer que estas entidades deixam de poder receber receitas de publicidade das gigantes tecnológicas. O PÚBLICO compilou uma lista sobre a forma como as redes sociais estão a lidar com a guerra na Ucrânia.
Facebook e Instagram
Meta cria centro de operações de guerra: Esta segunda-feira, o responsável pelas políticas públicas da Meta, Nick Clegg, anunciou o estabelecimento de um centro de operações especial com especialistas de todos os produtos da empresa (Instagram, WhatsApp, Messenger, e Facebook), incluindo falantes nativos de russo e ucraniano, que estão a monitorizar as plataformas 24 horas por dia para combater a desinformação.
Propaganda é “escondida”: O Facebook e o Instagram estão a “despromover” páginas e contas de pessoas ou organizações com ligações ao governo russo. Isto quer dizer que os utilizadores têm mais dificuldade em encontrar informação partilhada por essas páginas a não ser que a pesquisem directamente (por exemplo, com um link). A penalização estende-se a publicações que incluam hiperligações para empresas de comunicação controladas pelo governo russo, como é o caso do RT. A Meta diz que também vai passar a legendar este tipo de conteúdo com um alerta adicional.
Mensagens encriptadas chegam ao Instagram: A Meta anunciou que o serviço de mensagens do Instagram passou a estar encriptado por defeito para utilizadores na Rússia e na Ucrânia. A encriptação de “ponta a ponta” é um recurso de segurança que protege os dados dos utilizadores durante uma troca de mensagens – o conteúdo só pode ser lido pelos dois extremos da comunicação: o remetente e o destinatário. Em teoria, o sistema deve impedir intrusos ao tema da conversa (por exemplo, os fornecedores de Internet) de ler as mensagens. A encriptação de “ponta a ponta” já está disponível por defeito nos serviços do WhatsApp e do Messenger.
Google desactiva algumas informações em tempo real: Durante o fim-de-semana, a tecnológica norte-americana removeu o acesso dos utilizadores dentro e fora da Ucrânia a informações em tempo real sobre a ocupação de espaços públicos (por exemplo, restaurantes, ruas e supermercados) naquele país. O objectivo é garantir a segurança das pessoas na Ucrânia, impedindo as forças russas de usar essa informação para decidir como organizar os ataques.
YouTube barra RT e Sputnik: A Google, que é dona do site de vídeos YouTube, bloqueou os canais dos sites de informação russos Russia Today (RT) e Sputnik na região da Europa devido à guerra na Ucrânia. “Este canal não está disponível no seu país”, é a mensagem que aparece aos utilizadores que tentam aceder às páginas do YouTube dos canais de propaganda.
Dois milhões de dólares em anúncios doados: A Google também está a disponibilizar espaço publicitário gratuito para organizações que queiram chegar a pessoas que procurem informação e apoio na Ucrânia. A tecnológica pôs de parte dois milhões de dólares para estes anúncios.
Acesso gratuito ao Project Shield: O Project Shield oferece protecção gratuita ilimitada contra ataques DDoS e vários sites na Ucrânia optaram pelo serviço e satisfazem os requisitos de elegibilidade. Nos ataques DDoS (sigla inglesa para negação de serviço distribuído) o objectivo é sobrecarregar uma rede de computadores com muita informação de forma a paralisá-la. Durante as eleições europeias, em Maio de 2019, a Google também ofereceu a tecnologia a organizações políticas na União Europeia.
r/Russia em quarentena: A plataforma de fóruns online Reddit colocou os fóruns r/Russia e r/RussiaPolitics em “quarentena” devido ao aumento de desinformação nas publicações. Isto quer dizer que estes fóruns, conhecidos como subreddits, não vão ser recomendados pela plataforma. Qualquer pessoa que chegue às páginas r/Russia e r/RussiaPolitics verá um aviso relativo ao conteúdo. Por exemplo, no fórum r/Russia lê-se: “Este subreddit contém um volume elevado de informação que não é suportada por fontes credíveis.”
Apple
Venda de produtos suspensa: Na terça-feira, a Apple anunciou que estava a suspender a venda de todos os seus produtos na Rússia em resposta à invasão da Ucránia por tropas russas. A empresa também está a limitar a utilização de serviços como o Apple Pay, a solução de pagamento que pode ser usada nos iPhones, Apple Watch, e iPads, na Rússia.
RT e Sputnik barrados da loja da Apple: Também já não é possível descarregar as aplicações móveis dos meios de comunicação estatais russos RT e Sputnik da Apple Store em países fora da Rússia.
AppleMaps limita informação na Rússia e Ucrânia: Tal como a Google já tinha feito, a empresa de Tim Cook desactivou a informação em tempo real sobre locais populares nos serviços de mapas da Apple.
Publicações rotuladas: Contrariamente à Meta (dona do Facebook e Instagram) e à Google (dona do YouTube), o Twitter não vai barrar as contas da RT e do Sputnik da sua plataforma. Em vez disso, a empresa está a rotular as publicações dessas páginas com uma mensagem onde se lê “esta publicação vem de um site dos meios de comunicação estatais da Rússia.”
Microsoft
Microsoft partilha informação com governo ucraniano: A 24 de Fevereiro, o Centro de Inteligência de Ameaças da Microsoft (MSTIC) detectou uma ronda de ciberataques dirigidos contra a infra-estrutura digital da Ucrânia e alertou o governo ucraniano sobre a situação.
MSN e Bing limitam sites de propaganda: A Microsoft, que é dona do motor de busca Bing, confirmou que está a “despromover” resultados do RT e do Sputnik no motor de busca de modo a que “uma pesquisa só mostre resultados do RT e do Sputnik quando um utilizador quer navegar especificamente nessas páginas”. O site MSN, que também é da Microsoft, deixou de partilhar conteúdo do Sputnik ou do RT.
TikTok
RT e Sputnik fora do TikTok na Europa: Tal como acontece noutras plataformas, os utilizadores do TikTok na Europa já não conseguem aceder às contas dos órgãos de comunicação estatais RT e Sputnik no TikTok.