Ucrânia decreta estado de emergência a nível nacional. “O povo ucraniano quer paz”, diz Zelensky

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, propôs introduzir o estado de emergência nacional esta quarta-feira, numa altura em que o país se prepara para uma possível ofensiva militar em larga escala da Rússia.

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, propôs introduzir o estado de emergência nacional UMIT BEKTAS/Reuters

O Parlamento ucraniano aprovou a declaração do estado de emergência em todo o país, excepto em duas regiões do Leste da Ucrânia onde o regime já está em vigor desde 2014.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, propôs introduzir o estado de emergência nacional esta quarta-feira, numa altura em que o país se prepara para uma possível ofensiva militar em larga escala da Rússia.

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O estado de emergência, decretado a pedido do Conselho de Defesa e Segurança Nacional, deve ter a duração de 30 dias. No entanto, segundo explicou o secretário do conselho, Alexei Danilov, as medidas deste regime vão ser definidas por cada província, dependendo da sua necessidade e estado de alerta. O estado de emergência prevê a imposição de restrições na circulação e, potencialmente, de toques de recolher.

Na terça-feira, Volodimir Zelensky assinou um decreto para mobilizar os militares na reserva para “aumentar a prontidão do Exército ucraniano” à luz das movimentações de tropas russas no Donbass. A Rússia anunciou que pretende enviar forças de “manutenção de paz” para os dois territórios separatistas cuja independência o Kremlin reconheceu.

Ucrânia solicita reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse esta quarta-feira que solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o recente pedido de apoio militar a Moscovo por parte dos rebeldes das províncias reconhecidas recentemente como Estados independentes pela Rússia.

“A Ucrânia solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas devido ao apelo das administrações de ocupação russa em Donetsk e Lugansk à Rússia para fornecer assistência militar, o que é mais uma escalada no que diz respeito à situação de segurança”, disse Kuleba numa publicação na rede social Twitter.

Mais tarde, fontes diplomáticas citadas pela agência Reuters confirmaram que o Conselho de Segurança das Nações Unidas irá reunir-se na madrugada desta quarta-feira para discutir a situação na Ucrânia.

Presidente da Ucrânia faz apelo dramático: “O povo ucraniano quer paz”

Numa altura em que a Rússia aparenta estar pronta para invadir e dominar a Ucrânia, o presidente ucraniano fez um apelo dramático durante uma transmissão televisiva para evitar a guerra, dirigindo-se directamente ao povo russo e relembrando a história e cultura que ambas as nações partilham.

“O povo ucraniano quer paz”, disse Volodimir Zelensky, a partir de Kiev. “O governo da Ucrânia quer paz e está a fazer o possível para a construir”, acrescentou.

Embora tenha reconhecido que as suas palavras provavelmente não iriam chegar ao povo russo, Zelensky insistiu que a Ucrânia não quer causar nenhum dano à Rússia, apesar da imagem que o governo russo pintou da Ucrânia.

Segundo o presidente ucraniano, Vladimir Putin já aprovou uma invasão. “Qualquer faísca”, disse, “pode incendiar tudo”. “Dizem que esta chama irá libertar o povo da Ucrânia, mas o povo ucraniano já é livre”, acrescentou, citado pelo jornal The New York Times.

“Dizem-vos que somos nazis”, destacou Volodimir Zelensky, que tem antepassados judaicos. “Como posso eu ser nazi? Digam isso ao meu avô, que passou por toda a guerra na infantaria do exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia independente”, acrescentou.

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Abordando as alegações de Putin de que a Ucrânia é parte da Rússia por direito, o presidente ucraniano afirmou que “os vizinhos enriquecem-se sempre culturalmente uns aos outros. “No entanto, isso não os torna um todo único. Não nos dissolve em vocês. Somos diferentes, mas essa não é uma razão para sermos inimigos. Queremos determinar e construir o nosso futuro nós próprios, de forma pacífica, calma e honesta”, concluiu.

Volodimir Zelensky disse ainda que tentou entrar em contacto com Putin, mas “o resultado foi o silêncio”. Segundo o presidente ucraniano, uma eventual invasão russa da Ucrânia “deve ser travada antes que seja tarde demais”. A guerra, afirmou, “depende” apenas dos “cidadãos da Federação Russa”.

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