Ucrânia luta por manter espaço aéreo aberto

A holandesa KLM já afirmou que ia cancelar os voos para a Ucrânia, ao passo que a alemã Lufthansa estava a considerar a suspensão das passagens aéreas.

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Seguradoras deixaram de cobrir os aviões ligados aos voos para a Ucrânia devido aos riscos DANIEL ROCHA

O aumento da tensão na Ucrânia, perante a ameaça de uma invasão por parte da Rússia, está a provocar alterações nas ligações aéreas com destino a este país europeu. De acordo com a Reuters e o Financial Times (FT), a holandesa KLM já afirmou que ia cancelar os voos para a Ucrânia, a alemã Lufthansa estava a considerar a suspensão de voos e a British Airways, de acordo com os serviços de monitorização de tráfego, estava a evitar passar pelo espaço aéreo da região. Ao FT, um conselheiro do Presidente ucraniano Volodimir Zelensky afirmou que as acções das companhias aéreas “não tinham sentido” e que se pareciam com “uma espécie de bloqueio parcial”.

A Ryanair ainda não se pronunciou, e a húngara Wizz disse que estava a avaliar a situação. A Wizz, tal como a SkyUp, assegura ligações entre a Ucrânia e Portugal, com voos para Lisboa, sendo que a SkyUp, ucraniana, voa também para o Funchal. Ambas continuavam a aceitar reservas, conforme constatou o PÚBLICO. A TAP tinha ligações a Moscovo, mas estas foram interrompidas com a pandemia e ainda não foram retomadas.

A SkyUp esteve este domingo em destaque nas notícias depois de, conforme relatou a agência Lusa, a companhia aérea ter sido forçada a interromper um voo que ligava o Funchal a Kiev com 175 pessoas bordo, aterrando em Chisinau, Moldávia. A aterragem foi exigida pela empresa proprietária da aeronave, cedida à companhia aérea em regime de leasing, e depois de as seguradoras terem alertado que deixavam de cobrir os aviões ligados aos voos para a Ucrânia devido ao aumento dos riscos de segurança. Por parte de Kiev, o executivo já anunciou este domingo que tinha aprovado um “fundo de garantia” da ordem dos 524 milhões de euros para ajudar a manter as ligações aéreas operacionais.

Esta segunda-feira, a SkyUp emitiu um comunicado no qual garante que continua a ter as rotas operacionais e que está a operar de modo normal. “Os voos para a Ucrânia continuam seguros”, diz a companhia, defendendo que este é “um bom exemplo de efectiva cooperação entre empresas e governo mas, acima de tudo, a garantia a todos passageiros que podem planear em segurança a viagem” no que classifica de “tempos difíceis”. “Agradecemos aos nossos passageiros a compreensão pelas actuais circunstâncias e manutenção da calma e atitude responsável perante a situação”, refere a direcção da empresa, acrescentando que está a monitorizar os acontecimentos e que irá comunicar qualquer alteração que ocorrer.

Até aqui, já havia zonas sensíveis em termos de segurança para as companhias aéreas no espaço ucraniano, como o caso da região da Crimeia e na fronteira com a Rússia a leste de Dnipro. Em 2014, um avião da Malaysia Airlines foi abatido quando sobrevoava o leste do território ucraniano, tendo morrido todas as 298 pessoas que iam a bordo do voo MH17 (a grande maioria das quais dos Países Baixos).

Em Dezembro do ano passado, conforme noticiou o PÚBLICO, a procuradoria dos Países Baixos pediu penas de prisão perpétua para os três russos e o ucraniano entretanto acusados de homicídio. Os acusados, que estão a ser julgados à revelia, alegadamente ajudaram, segundo a investigação, a fornecer o sistema de mísseis que os separatistas apoiados pela Rússia usaram para disparar um míssil contra o voo da Malaysia Airlines

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