Tiago Rodrigues encena um mundo que não pode ser salvo
Das três dezenas de entrevistas a trabalhadores em ajuda humanitária, nasceu Dans la Mesure de l’Impossible, mais recente criação do criador português e futuro director do Festival de Avignon. Uma peça intensa e perturbadora, guiada pelas vozes daqueles que viajam entre o possível e impossível.
É mais uma história que podia começar com “e tudo teria sido muito diferente sem a pandemia”. Mas dá-se o caso de Dans la Mesure de l’Impossible (Na Medida do Impossível), a mais recente criação de Tiago Rodrigues, estreada esta terça-feira na Comédie de Genève, ter ganho não apenas uma forma radicalmente diferente com as limitações impostas à circulação de pessoas pelo mundo, como acabado por fixar-se num ponto de vista que aproxima o autor do seu objecto artístico: a vida dos trabalhadores humanitários. O plano original previa que Rodrigues vestisse a pele de um repórter de guerra e fosse enviado para o terreno a fim de visitar missões e delegações da Cruz Vermelha e dos Médicos sem Fronteiras, como uma testemunha enviada pelo teatro a vários palcos de conflitos demasiado reais, em contextos muito para lá do que os olhares domesticados do mundo ocidental estão habituados a ver e a suportar, chamado a observar situações limite na escala da experiência humana.
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