O que é um bom CV: as dicas de Daniel de Almeida para criar um currículo

O P3 esteve em directo no Instagram com Daniel de Almeida, consultor e formador nas áreas da procura de emprego, para dar respostas e dicas úteis sobre como criar um bom currículo.

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Numa conversa em directo no Instagram – e que pode ser vista aqui –, Daniel de Almeida, consultor e formador, deu dicas úteis para ajudar quem está à procura de emprego e quer criar um bom currículo para se destacar. Os leitores do P3 quiseram saber que informações devem incluir, que erros devem ser evitados e em que plataformas podem elaborar um Curriculum Vitae (CV). Aqui ficam os conselhos que resultaram da conversa “O que é um bom CV?”.

Por onde começar?

Antes de começar a procura de emprego ou até a elaboração de um currículo, “existem três pontos-chave a ter em atenção”, defende Daniel de Almeida. O primeiro passo é “conhecer o próprio cenário, fazer um processo de autoconhecimento para perceber quais são os pontos fortes e os pontos fracos e depois entender de que forma o meio envolvente pode prejudicar ou ajudar na procura de emprego”.

Conhecer em detalhe todas as experiências académicas, profissionais e pessoais é o passo seguinte: saber os resultados alcançados ao longo do percurso e perceber como cada experiência se transforma em competências. Segundo Daniel, o currículo “não é apenas mencionar as experiências”, mas também “mostrar ao recrutador quais são as competências que foram desenvolvidas e que agora vão estar à disposição da empresa”. Por último, é importante “conhecer com quem se vai falar”: saber quem são as empresas que vão receber a candidatura de emprego, qual é o sector de actuação de cada empresa e quais são as funções às quais quero candidatar-me.

Que erros devem ser evitados?

Chegou o momento de construir o currículo, mas antes de começar é importante estar consciente do que podes ou não podes fazer. Há caminhos a evitar e mitos a desfazer. “Dar demasiada importância ao visual e esquecer o conteúdo” é um dos erros mais comuns, considera Daniel, acrescentando que “é o conteúdo que vai definir se és ou não contratado, enquanto o visual apenas vai tornar a experiência do recrutador mais apelativa”. O que não significa que o visual deva ser descurado, antes pelo contrário. É essencial organizar a informação que é incluída no currículo para que o recrutador consiga compreender todas as experiências, formações e competências. E, para ser bem-sucedido a transmitir a proposta de valor, “o currículo não pode ser o mesmo para todas as ofertas e empresas”. É necessário “elaborar o conteúdo e adaptar a comunicação”. A falta de personalização é, assim, outro dos erros a evitar, bem como o uso de clichés e os erros ortográficos. Para não criar uma percepção de pouco profissionalismo junto do recrutador, podes “pedir a outra pessoa para rever o currículo”.

E quais são as plataformas que podem ajudar na construção do CV?

Para começar a elaborar o currículo, o Europass pode ser uma boa alternativa. “É um modelo com uma estrutura validada e reconhecida pelo mercado em que apenas é necessário escrever toda a informação, podendo ser um excelente ponto de partida para posteriormente fazer outro modelo”. Já quem se sente mais confortável com a criação de modelos mais personalizados, pode sempre optar por outras plataformas, como Resume Genius e Canva. “Os utilizadores têm ao dispor uma variedade de templates, uns mais criativos do que outros, que podem editar com o objectivo de transformar o currículo à sua medida e destacar o que consideram mais relevante”.

Experiência, formação e competências: o que escrever?

Se não te vais candidatar ao primeiro emprego, já tens alguma experiência profissional para incluir no teu currículo. Deves descrever o que fizeste no trabalho anterior, mostrar quais foram as tarefas desempenhadas e responsabilidades assumidas. E não só: “Sempre que estamos a descrever uma experiência, devemos focar em destacar conquistas e resultados”, diz Daniel, acrescentando que “não devemos ter medo de dar informação relevante ao recrutador”.

No topo do currículo, imediatamente a seguir à secção dedicada aos dados pessoais (número de telemóvel e endereço de e-mail são essenciais), pode ser útil criar uma outra secção que inclua um pequeno resumo do percurso profissional, as conquistas alcançadas e a proposta de valor relacionada com a vaga de emprego. Não interessa repetir informação que irá ser mencionada a seguir, mas sim destacar pontos-chave que serão o primeiro contacto do recrutador com o currículo.

O resumo pode ser menos benéfico para quem acabou a formação académica e está a enfrentar, pela primeira vez, a procura de trabalho. É suficiente mencionar, em secções próprias, as experiências académicas e pessoais – por exemplo, ser membro de uma associação ou núcleo de estudantes ou de um grupo de jovens –, sem esquecer de referir também as tarefas, responsabilidades atribuídas e as conquistas. E, como acontece com a experiência profissional quando é extensa, pode ser necessário resumir ao essencial e, por isso, deve ser mencionado apenas o que é relevante para a vaga de emprego. Quanto à média de curso, Daniel aconselha a que se coloque apenas caso estejas realmente à procura do primeiro emprego, ou não tenhas experiência profissional, e se a nota for alta. Podem ainda ser referidos prémios conquistados ao longo do percurso académico.

Podes colocar competências no CV, mas com mais ênfase nas técnicas do que nas comportamentais. “Existe um elevado grau de subjectividade quando avaliamos as competências comportamentais e são mais difíceis de justificar no currículo, por isso aconselho apenas a mencioná-las”, aponta o formador.

Importa o tamanho do currículo? E a fotografia e a idade?

Daniel de Almeida descarta limites de páginas, considerando que não há um tamanho ideal para o currículo. “Não façam do número de páginas o ponto de partida para a elaboração do vosso CV”, esclarece. E acrescenta: “O resultado final pode ser ajustado, mas o mais importante é ter conteúdo que é relevante para o cargo”.

O formador e consultor aponta que “perfis com muita experiência vão ter currículos com mais páginas”, enquanto um currículo de uma página é mais comum para alguém recém-licenciado, que está à procura do primeiro emprego ou que tem pouca experiência.

Em relação à fotografia, é importante escolher uma que seja adequada, mas nem sempre é obrigatória. Tem em atenção se é um requisito da vaga de emprego. Caso não seja, e não te sintas à vontade, não tens de colocar uma fotografia tua no teu currículo.

Quanto à idade, apenas pode ser uma informação pertinente se responderes a ofertas relacionadas com medidas de incentivo ao emprego ou estágios profissionais.

O que é afinal um bom CV?

“O que faz um bom CV é a sua adequação à oferta”, afirma Daniel Almeida, esclarecendo que “não existe uma regra para definir o que é considerado um bom currículo”. Tudo se resume a uma ideia-chave: “Quanto mais o meu currículo comunicar com o que o recrutador procura, melhor será o meu CV.” Para que não restem dúvidas, lembra-te que é fundamental “personalizar o CV para cada oferta, não ter medo de dar informação relevante e apresentar resultados que indiquem o valor que podes acrescentar à empresa se te contratarem”.

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