Incêndios de Inverno potenciados pelo tempo seco levam Protecção Civil a proibir queimadas

Desde sexta-feira, bombeiros dos distritos de Aveiro, Castelo Branco e Bragança não tiveram descanso. Dois incêndios deflagaram em zonas de montanha de difícil acesso e um eclodiu numa zona florestal perto de uma aldeia. Não houve populações nem casas em perigo.

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Incêndios mobilizaram dezenas de bombeiros e de meios terrestres bem como alguns meios aéreos Daniel Rocha

A chuva tem faltado e a situação de seca em grande parte do país reflecte-se em níveis muito baixos da humidade relativa do ar que, associada ao vento de Leste e à ausência daquilo a que se chama “a recuperação nocturna” da humidade quando o sol se põe, conduz a uma situação de perigo de incêndios quando há lugar a queimadas.

Se as queimadas são a causa da eclosão da maioria dos fogos nos meses de Inverno, o tempo seco, sem pluviosidade, é o que potencia a propagação desses fogos, diz Carlos Mata, adjunto de operações do comando nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).

Por isso, a ANEPC decidiu neste sábado proibir a realização de queimas e queimadas durante os dois próximos dias: domingo e segunda-feira. “Compreendemos a necessidade das pessoas em fazer as queimadas [num contexto de actividade agrícola]. Mas lançamos um apelo a que se abstenham de as fazer nestes dois dias e cumpram esta proibição temporária de queimadas [geralmente] autorizadas, porque há perigo de incêndio”, acrescentou ao PÚBLICO.

De Leste para Norte

A proibição, decidida em reunião extraordinária do Centro de Coordenação Operacional Nacional da ANEPC, vigora “para já nestes dois dias tendo em conta as previsões a partir de terça-feira”, explica ainda. Segundo o prognóstico, o vento passará a soprar de Norte – deixando de soprar de Leste – e isso é susceptível de aumentar a humidade relativa do ar durante a noite.

Não é muito habitual, mas também não é inédito: “Haver incêndios nos meses de Inverno tem a ver com as condições meteorológicas e climáticas”, confirma o responsável. “Já houve anos em que isso aconteceu.”

Voltou a ocorrer nestes últimos dias em vários pontos do país. Nem casas nem populações estiveram em perigo.

Bragança, Castelo Branco e Aveiro

O maior incêndio destes dias ocorreu na serra de Montesinho, no distrito de Bragança, para onde foram enviados bombeiros, meios terrestres e aéreos às 8h da manhã de sexta-feira, e só terá sido dominado na tarde do dia seguinte. Este fogo deflagrou na zona da Lama Grande e foi o mais preocupante pela extensão e a dificuldade em controlá-lo, confirmou Carlos Mata. A estimativa aponta para a eventual destruição de 2000 hectares em Portugal e em Espanha, para onde o incêndio se propagou.

Também em área de montanha, em Unhais da Serra, no concelho da Covilhã, um fogo começou às 10h da manhã de sábado, ficando extinto cinco horas depois, informou o comando de operações do distrito de Castelo Branco. Para este incêndio rural em zona de mato estiveram destacados no terreno mais de 120 bombeiros, com o apoio de 33 veículos, e ainda cinco aeronaves.

Na sexta-feira, um fogo florestal tinha levado 250 bombeiros a Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, com a deflagração a ocorrer numa zona florestal, junto à aldeia da Paraduça, na freguesia de Arões. Também aqui, o perigo foi afastado e o incêndio extinto passadas algumas horas.

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