Marcelo deixa apelo ao voto e defende revisão da lei eleitoral
Na mensagem a propósito das eleições legislativas deste domingo, o Presidente da República elenca sete motivos pelos quais considera que estas eleições são diferentes e defende a necessidade de rever a lei eleitoral, repensar o dia de reflexão e criar uma lei de emergência sanitária.
O Presidente da República apela ao voto nas legislativas deste domingo, que considera serem “verdadeiramente diferentes”, “sem temores nem inibições” apesar do elevado número de casos de infecções por covid-19. Na mensagem divulgada este sábado a propósito das eleições legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa fala da necessidade da revisão da lei eleitoral e da criação de uma lei de emergência sanitária.
“Estas eleições para a Assembleia da República são, verdadeiramente, diferentes”, diz o chefe de Estado na mensagem onde apela ao voto “em consciência e em segurança” no dia 30 de Janeiro.
Marcelo Rebelo de Sousa elenca sete razões para justificar por que considera que estas eleições são diferentes de outras. Em primeiro lugar porque “sendo as primeiras eleições parlamentares realizadas em pandemia e após rejeição, também pela primeira vez, de um Orçamento do Estado em democracia, nelas confirmámos o domínio de três temas: a própria pandemia e a saúde; a urgente melhoria das condições de vida, a próxima fórmula governativa, por cada qual preconizada”.
Em segundo lugar, o Presidente da República refere, numa alusão à necessidade de mudanças profundas, que neste acto eleitoral se confirmou que “o choque da pandemia tem sido tão abrupto e prolongado que recuperar economia e mitigar pobreza e desigualdades sem mudanças de fundo, corre o risco de ser encharcar com milhões as areias de um deserto”.
Além disso, o chefe de Estado vê nas eleições de domingo uma singularidade porque estas, através do voto antecipado, sugerem “a oportuna reponderação do dia de reflexão, pensado para outra época e para outras preocupações”.
“Diferentes, porque, nelas, confirmámos a falta de uma lei de emergência sanitária, de que falei há um ano, e a necessidade de revisão da lei eleitoral, tão rígida que exclui votação fora de domingos e feriados, e não permite horários flexíveis, assim fechando portas a situações excepcionais”, acrescenta o Presidente.
Marcelo Rebelo de Sousa considera ainda que as eleições legislativas de domingo são diferentes porque confirmaram “uma audiência sem precedente nos numerosos e mobilizadores debates e entrevistas”, porque confirmaram “uma serenidade no mês seguinte à convocação das eleições” e uma pré-campanha e campanha “diversas das tradicionais, por causa da pandemia” e, por fim, porque confirmaram “evidente civismo, efectivo respeito pela diversidade, e até calorosa solidariedade, em situações e episódios mais sensíveis”.
As conclusões a que o Presidente chegou com a preparação destas eleições levam-no a verificar que elas permitiram confirmar o “apego à democracia”, ao qual só falta o último passo - “o do voto”.
Embora reconhecendo o efeito do cansaço e da pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa apela aos portugueses que votem. Porque “votar é também uma maneira de dizermos que estamos vivos e bem vivos”, argumenta, lembrando a ida às urnas em Setembro, nas autárquicas, e há um ano nas presidenciais. Estas últimas aconteceram com alguns indicadores da evolução da pandemia mais graves e sem vacinas, recorda.