CCB apresenta série de concertos com curadoria de Jonathan Uliel Saldanha
Ciclo de concertos vão envolver música electrónica, músicos do Uganda, Haiti, Brasil, Turquia, França.
O Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, deu “carta branca” ao músico Jonathan Uliel Saldanha para fazer curadoria de uma série de concertos, que começam no sábado com HHY & The Kampala Unit. O desafio ao músico e artista visual “que investiga zonas de intercepção entre a pré-linguagem, a alteridade, a ficção científica, o som enquanto vector de contágio e a tensão entre o sintético e a paisagem” partiu do CCB. E Uliel terá agora a curadoria de concertos envolvendo música electrónica, músicos do Uganda, Haiti, Brasil, Turquia, França, entre outras propostas, “uma carta branca” que “revela novos mundos”, segundo o comunicado do CCB.
O programa abre já no dia 29 de Janeiro com um concerto de HHY & The Kampala Unit e Flo / Sekelembele (DJ set), numa co-produção entre o CCB e o Teatro Municipal do Porto.
Fundados por Jonathan Uliel Saldanha, HHY & The Kampala Unit é “uma exploração de um território mutante, onde o dub, o techno, a percussão visceral e os sopros marciais se misturam num espaço onde o trance é condutor de paisagens sintéticas que catalisam o corpo vibrante do clube”.
Saldanha toma conta da electrónica e da produção, acompanhado pela trompetista e activista ugandesa Florence Lugemwa e pelo percussionista congolês Sekelembele.
Segue-se, a 12 de Março, o concerto de COBRACORAL, colectivo formado pelas artistas Catarina Miranda (Portugal), Clélia Colonna (França) e Ece Canli (Turquia).
No dia 14 de Maio, sobe ao palco a cantora baiana Virgínia Rodrigues, autora de uma música com influência de música clássica, samba e jazz, ao mesmo tempo que as letras têm referências a candomblé e umbanda - estará em palco com um quarteto de mulheres contrabaixistas.
Lago Libidinal é uma instalação/concerto, fruto também de uma co-produção do CCB com o Teatro Municipal do Porto, que se apresenta nos dias 2 e 3 de Julho. Segundo comunicado do CCB, “Lago Libidinal é um sistema multinível onde a superfície de um lago sintético interage com a caixa negra que o cerca e com os performers-milícia e músicos que o habitam”.
A terminar esta série de concertos, apresentam-se os Arsenal, Chouk Bwa & The Ångströmers, e Lithium (DJ set) no dia 6 de Agosto.
Arsenal é um ensemble de percussão constituído em Kampala, no Uganda, com três virtuosos jovens músicos pertencentes ao Nilotika Cultural Ensemble, um bastião na defesa e desenvolvimento da música tradicional daquela zona de África. Para este ciclo no CCB desenvolveram um “objecto híbrido, numa descarga sónica direccionada ao corpo”.
Quanto aos Chowk Bwa - banda haitiana tradicional de Mizik Rasin, música de raiz haitiana, e anteriormente designados Chouk Bwa Libète - desenvolvem a sua música a partir de estilos tradicionais de percussão e voz de chamada e resposta, com origem no Vudu haitiano.
Três percussionistas e dois bailarinos são conduzidos pelo compositor Jean Claude “Sambaton” Dorvil na voz e no fer, uma barra/sino de ferro que anuncia diferentes ritmos utilizados para chamar os espíritos, assistido por Gomez “Djopipi” Henris.
Este projecto musical mostra a “profunda herança africana do Haiti, arrancada de África e secretamente replantada numa nova terra”, com os membros a falarem pelo Haiti, uma nação que viveu tempos difíceis, mas mantém a força através da sua cultura.
Em colaboração com o duo belga The Ångströmers, a sonoridade do ensemble é expandida para territórios electrónicos, combinando uma “nova sensibilidade dub ao ritmo e espiritualidade haitiana”.