Villa Aurora, a residência em Roma com um tecto pintado por Caravaggio, sem licitações em leilão

A sumptuosa residência, que possui o único mural pintado por Caravaggio, foi a leilão avaliada em 471 milhões de euros. Porém, perante a falta de compradores, a venda foi adiada e o preço reduzido em 20%.

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O único fresco pintado por Caravaggio na Villa Aurora REMO CASILLI/Reuters

A Villa Aurora, residência da família Boncompagni Ludovisi em Roma, que possui o único mural pintado por Caravaggio (1571-1610) a decorar o tecto de uma das divisões, não conseguiu atrair licitações no leilão desta terça-feira.

A sumptuosa residência foi a leilão avaliada em 471 milhões de euros. Porém, perante a falta de compradores, a venda foi adiada e o preço reduzido em 20%, segundo revela o diário britânico The Guardian.

A venda da Villa Aurora foi decidida por um tribunal romano em Outubro passado, de forma a assegurar a liquidação das dívidas fiscais dos herdeiros do falecido Nicolò Boncompagni Ludovisi, descendente dos príncipes de Piombino e último proprietário da residência, que estavam envolvidos numa disputa devido à herança.

Uma petição lançada no site change.org, com cerca de 35 mil assinaturas, apelou à intervenção do ministro da Cultura, Dario Franceschini, defendendo que o Estado deve exercer o direito de preferência e usar os fundos europeus do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência para adquirir a Villa Aurora e “evitar que se venda outro pedaço de Itália”.

A falta de licitações não é uma surpresa, prevendo-se já antes do leilão que o palacete não viesse a encontrar comprador, uma vez que várias das obras de arte que contém, incluindo o Caravaggio (uma pintura a óleo sobre estuque), são bens classificados, que não poderão ser movidos do lugar onde se encontram.

Beniamino Milioto, advogado de Rita Jenrette, ex-actriz americana e última mulher de Nicolò Boncompagni Ludovisi, confirmou, citado pelo jornal The Guardian, que não houve licitações e que o leilão foi remarcado para dia 7 de Abril com uma redução de 20% no valor da residência.

Alessandro Zuccari, professor de História da Universidade de Roma “La Sapienza”, não se mostrou surpreendido com o facto de não terem existido licitações. “Na verdade, ficaria surpreso se houvesse um comprador. O preço é muito alto. Vamos ver o que acontece em Abril, mas duvido que alguém se apresente”, acrescentou o especialista, destacando que qualquer comprador teria de investir 11 milhões de euros adicionais para restaurar a residência.

Notícia corrigida para precisar que a obra de Caravaggio é uma pintura a óleo sobre estuque, e não um fresco.

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