Azeredo Lopes: “Entrei neste processo de cabeça levantada e saio de cabeça levantada”

Azeredo Lopes foi absolvido de todos os crimes de que estava acusado no processo de Tancos.

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O ex-ministro da defesa à saída do Tribunal depois de ser absolvido LUSA/PAULO CUNHA

O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes mostrou-se satisfeito com a absolvição de todos os crimes de que era acusado no julgamento do processo de Tancos, sublinhando ter saído do Tribunal Judicial de Santarém com “a cabeça levantada”.

“Entrei neste processo com a cabeça levantada, passei por este processo com a cabeça levantada e saio deste processo com a cabeça levantada, o que era, para mim, muito importante. Em segundo lugar, tanto o Ministério Público como o colectivo confirmaram plenamente aquilo que sempre disse e que era a verdade. É importante verificar que saio deste processo sem reparo”, declarou aos jornalistas à saída do julgamento.

O antigo governante era um dos 23 acusados no processo do furto e recuperação de armamento dos paióis de Tancos e garantiu que não apresentou a sua demissão do executivo “por processo nenhum” e que essa decisão de deixar o Governo foi tomada “em consciência”. Por outro lado, reiterou não ter havido da sua parte “qualquer falha ética”.

Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo na sequência do processo, estava acusado e pronunciado por quatro crimes: denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça.

Em sede de alegações finais, o Ministério Público tinha pedido a absolvição do antigo governante - e de mais 10 arguidos -, considerando que a conduta do ex-governante se pautou apenas por uma “omissão do ponto de vista ético”, ao não diligenciar no sentido de ser levantado um processo disciplinar aos elementos da Polícia Judiciária Militar.

Advogado acusa: “Houve incompetência"

O advogado de Azeredo Lopes disse que o processo contra o ex-ministro da Defesa resultou da “incompetência de todos os que intervieram” até ao início do julgamento. Germano Marques da Silva considerou mesmo todo o processo até à fase de julgamento “vergonhoso”.

“Não sei se [houve] motivações políticas. [Houve] pelo menos incompetência de todos os que intervieram no processo até ao início do julgamento - Polícia Judiciária, Ministério Público, Juízo de Instrução”, disse o advogado, apelando a uma reforma da Justiça.

“Penso que não é preciso reformar os códigos. É preciso exigir que as pessoas que intervêm sejam competentes e sejam responsáveis pelas asneiras que fazem”, acrescentou.

Germano Marques da Silva afirmou que, desde que tomou conta do processo, percebeu que “não havia qualquer elemento de prova naquele processo, que tudo eram construções fantasiosas e a justiça não se faz assim, nem a lei permite que se faça assim”. “O problema não é da lei é das pessoas que a aplicam”, declarou.