Dona da SIC e Expresso comunica à CMVM ataque informático ao fim de três dias

Acções da Impresa fecharam em alta pelo segundo dia consecutivo. Grupo está a trabalhar com sites de informação provisórios e promete repor o “regular acesso aos conteúdos noticiosos”.

Foto
Grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão comunicou ataque ao Centro Nacional de Cibersegurança Daniel Rocha

A Impresa, dona da SIC e do Expresso, comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta quarta-feira à tarde que o grupo foi alvo de um ataque informático no domingo que deixou inacessíveis os sites do semanário e das marcas dos canais de televisão.

Num comunicado publicado esta quarta-feira no site da CMVM após o fecho da bolsa de Lisboa, o grupo informa que na sequência da intrusão ilícita”, os sites do Expresso, SIC, SIC Notícias e da plataforma de streaming Opto “ficaram temporariamente indisponíveis ao público”.

O grupo esteve três dias a cotar no mercado de capitais sem ter comunicado formalmente essa informação de cibersegurança à CMVM, algo que só aconteceu nesta quarta-feira depois do encerramento da bolsa.

Apesar disso, era público que os sites das principais marcas estavam com problemas desde domingo, dia em que o grupo fez saber — não formalmente à CMVM, mas ao público em geral — que fora alvo de um ataque informático e que estava a trabalhar com a Polícia Judiciária (PJ) e com o Centro Nacional de Cibersegurança, prevendo apresentar uma queixa-crime por causa do sucedido.

Na bolsa de Lisboa, as acções da Impresa não deram sinal significativo do impacto do ataque informático na operação do grupo de media fundado por Francisco Pinto Balsemão. Os títulos fecharam em alta pela segunda sessão consecutiva.

Depois de uma pequena descida na segunda-feira (de 0,41%), as acções inverteram a tendência entretanto, subindo 2,47% na terça-feira e 1,2% nesta quarta-feira. Os títulos fecharam a valer 0,252 euros.

No comunicado entretanto enviado à CMVM, a Impresa faz saber que, perante o ataque iniciado no domingo, o grupo “desencadeou, imediatamente, em conjunto com uma equipa de especialistas, uma operação de avaliação do impacto potencial desse ataque ilegítimo e desencadeou acções preliminares de protecção e contenção”. O grupo garante que “está a tomar as medidas necessárias para repor, o quanto antes, o normal e regular acesso aos conteúdos noticiosos do grupo, estando actualmente a trabalhar através de sites que funcionam de forma provisória, bem como das suas redes sociais”.

Desde domingo que o site original do Expresso, da SIC Notícias e dos outras marcas do grupo ficaram indisponíveis. Além de continuarem a publicar notícias nas redes sociais para contornar a situação, o semanário e o site do canal informativo da SIC desenharam sites provisórios que funcionam nos endereços https://expresso.pt e https://sicnoticias.pt, mas o site geral do canal de Paço de Arcos (https://sic.pt) continua, por enquanto, a dar a indicação de que está “temporariamente indisponível”. O mesmo acontece com o site institucional da própria Impresa e com a plataforma para assinantes Opto.

No comunicado à CMVM, a Impresa compromete-se a divulgar ao mercado e público em geral “assim que possível” toda e qualquer “evolução ou facto novo relevantes relacionados com este tema”.

No domingo, os sites da SIC e do Expresso chegaram a ter uma reivindicação dos alegados hackers. Identificados com o nome “Lapsus$”, os atacantes reclamavam o pagamento de um resgate, por estas palavras: “Os dados serão vazados caso o valor necessário não for pago [sic]. Estamos com acesso nos painéis de ‘cloud’ (AWS). Entre outros tipos de dispositivos, o contacto para o resgate está abaixo”.

A operação digital do grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão tem vindo a ganhar peso nas receitas. A televisão continua a representar a larga fatia dos resultados. No entanto, no relatório e contas de 2020, a Impresa salienta que a “aposta no digital” se reflectiu “no peso no total das receitas de publicidade e circulação, representando actualmente 21,4% de proveitos da área do publishing”. Nos primeiros seis meses de 2021, diz o relatório semestral, esse peso chegou aos “25,2% do total de proveitos da área do publishing”. As receitas totais da televisão foram de 80 milhões de euros e as do publishing de 11,2 milhões.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários