Um país e uma família por um fio
A África do Sul pós-Apartheid num romance que indaga a passagem do tempo e pede que imaginemos o nosso momento final. Para fintar o medo com muita ironia.
“Para conseguirmos lidar com uma determinada coisa de que temos medo, temos de a conseguir imaginar.” A voz é de Anton, o filho mais velho do casal Swart, nas vésperas da morte do pai, um homem branco, dono de uma fazenda, viúvo de uma judia. Anton fala com Astrid, a irmã do meio, do medo que ela tem da morte. Sugere-lhe que a imagine, mas Astrid não tem essa capacidade, como a silenciosa Amor que quase morreu, aos seis anos, vítima de um raio. Todos encaram esse momento como o de viragem no modo de ser de Amor, a que não se enquadra, a que escapa, a que foge sempre que pode. Aquela que pede uma única coisa: que seja cumprida a promessa do pai quando a mãe estava a morrer. Rachel pediu ao marido, Manie, que desse a Salome, a criada negra da família, a casa onde ela vive. Manie não sabia que Amor, aos nove anos, tinha escutado a conversa.
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