Políticas de memória
Na Alemanha a política de memória enraizou-se depois dos ambíguos anos 50 e 60. O passado é objeto de reflexão frontal, sem bloqueios de supostas “fraturas”.
O Museu de História Alemã de Berlim organizou neste outono uma exposição temporária sobre os “artistas abençoados por Deus”, cerca de 400, listados pelo regime nazi em 1938 e em 1944 para beneficiarem de isenção fiscal e dispensa de serviço militar, pois eram considerados essenciais para o Terceiro Império. A exposição concentrou-se na carreira de 12 destes artistas que obtiveram sucessivas encomendas do Estado e de entidades privadas. A contribuição destes artistas para a projeção do regime foi importante: definiram os símbolos, o programa iconográfico, a estatuária urbana, a arquitetura e decoração de edifícios públicos e empresas. A exposição mostrou como dos 12 artistas escolhidos, 11 mantiveram a sua posição de professores de universidades e escolas de Belas Artes, continuando a receber comissões depois da guerra. Só nos anos de 1960 e 1970 foram estes artistas confrontados por uma nova geração que não compreendia a indulgência face aos responsáveis pela imagem do regime nazi. A promoção destes artistas fora feita em simultâneo com a depuração de numerosos artistas por motivos racistas ou estéticos. A exposição reproduziu uma série de entrevistas a estes artistas comprometidos com o nazismo que nunca manifestaram qualquer sinal de repúdio pelo passado.
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