Marta Temido admite que Portugal pode “superar os recordes de infectados” devido à Ómicron

Portugal registou na terça-feira o maior número de casos de covid-19 desde Fevereiro.

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Marta Temido, ministra da Saúde LUSA/MÁRIO CRUZ

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, esta quarta-feira, que Portugal pode “bater o recorde de infectados” devido à alta transmissibilidade da variante Ómicron. De acordo com o boletim epidemiológico referente ao dia de ontem, foram contabilizados mais 8937 casos de infecção por covid-19, o maior número desde Fevereiro. Apesar de ainda não ser conhecido o impacto desta nova variante no que diz respeito à severidade da doença, a ministra alerta que o país “está a caminho de uma situação complexa”.

“Estamos com muita incerteza e desconhecimento. A transmissibilidade que os peritos tinham apontado está a confirmar-se. Falta-nos, agora, saber o efeito que a nova variante tem sobre a doença e no escape da imunidade”, disse Marta Temido em entrevista à RTP 1, adiantando que “ainda não há dados da infecção por sequênciação de internados”. Significa isto que ainda não é possível determinar entre os internados quem está infectado pela nova variante, que até ao final deste ano será a dominante em Portugal.

"É incoerente admitir que podemos estar de máscara numa discoteca"

Sobre o mais recente conjunto e medidas anticovid apresentado pelo Governo, que determinou o fecho de discotecas e bares e a antecipação do período de contenção, a ministra sublinha que “apesar de estarmos mais atrasados que o Reino Unido e Dinamarca [no que toca à evolução da nova variante], esta variante desenvolve-se muito rapidamente” e neste contexto de incerteza o “Governo teve que tomar medidas”.

Questionada sobre o facto de se ter decidido pelo encerramento de discotecas, permitindo a realização de festas em hotéis ou restaurantes, Marta Temido admite que "a decisão pode soar contraditória”, pedindo, no entanto, que a população “se foque mais em reduzir contactos do que nas contradições entre medidas”. “É incoerente admitir que podemos estar de máscara numa discoteca. Se essa medida fosse anunciada, as pessoas estariam a fazer chacota”, acrescentou.

Confrontada com a possibilidade um agravamento das medidas de contenção, como o retomar do uso obrigatório da máscara na rua à semelhança do que já acontece em Espanha, Marta Temido recorda que Portugal foi dos países que, mesmo tendo uma taxa de vacinação alta, manteve medidas de contenção. “Temos de equilibrar o esforço individual. Há um vírus mais perigoso do que a covid-19. É o vírus da falta de adesão”, disse, recordando que há três pressupostos importantes para enfrentar esta nova fase da pandemia: “vacinar, testar e gerir contactos”.

Portugal está num “contexto difícil com meios limitados"

Sobre a capacidade de resposta do SNS ao novo aumento de casos, a ministra da Saúde sublinha que foram feitos avanços, apontado para as 400 camas que foram contratualizadas com o sector privado e o reforço que foi planeado nas equipas de rastreamento.

No que pode ser um período de maior pressão sobre as urgências hospitalares, Marta Temido apela à população para que, sempre que possível, recorram ao SNS 24 antes de se deslocarem às urgências. Também nesta quarta-feira, mas em declarações à TVI, a ministra confirmou que foi accionado “o mecanismo de permitir que mais operadores estejam disponíveis na linha e com possibilidade de emitir prescrição de testes” de rastreio à covid-19.

A linha SNS 24 ultrapassou esta quarta-feira de manhã as 40 mil chamadas.

Vai haver reforço de vacinação antes do Ano Novo

O PÚBLICO noticiou que faltam vacinar cerca de 2.053.573 portugueses com 50 ou mais anos com a dose de reforço. Portugal está até num nível inferior ao da média europeia. Dados conhecidos depois de o Governo ter anunciado que os centros de vacinação vão parar durante alguns dias até ao Ano Novo. Sobre a interrupção, a ministra explicou que, além da poupança no esforço dos profissionais de saúde envolvidos no processo, “estes são dias em que as pessoas tendem a ficar mais por casa ou a andar em família”.

Além disso, nos dias de intervalo, haverá um reforço no processo de vacinação.”Temos recursos que devemos gerir com grande racionalidade e os recursos humanos são o recurso mais precioso. Na vacinação, a decisão foi fazer duas interrupções”, disse.

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