Um clássico comandado à distância e com incertezas tácticas
Com Sérgio Conceição e Jorge Jesus fora dos bancos devido a castigo, FC Porto e Benfica lutam esta noite por um lugar nos quartos-de-final da Taça de Portugal.
FC Porto e Benfica defrontam-se esta noite (20h45, TVI) no primeiro de dois rounds que vão acontecer entre portistas e benfiquistas, no Estádio do Dragão, no espaço de uma semana. Num confronto sem margem de erro, este será um clássico sem os treinadores principais nos bancos de suplentes, mas a última partida dos oitavos-de-final da Taça de Portugal será um duelo em que a incerteza sobre as opções tácticas de Sérgio Conceição e Jorge Jesus é um aliciante para os adeptos, mas também um desafio para os dois técnicos.
Perguntas aos treinadores sobre a estratégia que pretendiam utilizar nesta noite não houve - ninguém da parte dos “dragões” fez a antevisão da partida; o adjunto João de Deus foi o único que falou por parte das “águias” -, e, perante um clássico que será comandado por Conceição e Jesus à distância, prever o que será a batalha táctica no Dragão afigura-se como um “tiro no escuro”.
Se, do lado do Benfica, Jesus é especialista em surpreender em jogos decisivos, Conceição colocou recentemente em cima da mesa um “plano B” que pode dificultar as escolhas dos rivais. Quase sempre fiel ao 4x4x2, o treinador do FC Porto trocou as voltas a Carlos Carvalhal ao reajustar o seu desenho táctico frente ao Sp. Braga, colocando em campo um 4x3x3, com um ataque formado por Luis Díaz (esquerda), Otávio (direita) e Evanilson (centro). A escolha foi bem-sucedida, mas no jogo seguinte, em Vizela, Conceição regressou ao 4x4x2.
A provável ausência de Grujic, que se tem treinado de forma condicionada, pode, no entanto, retirar margem de manobra para o treinador portista voltar a apostar numa estratégia que anulou um rival que se apresentou no Dragão com um sistema similar ao que o Benfica tem privilegiado.
Havendo poucas dúvidas de que Jesus não vai abdicar do trio de centrais frente ao FC Porto, a incógnita do lado benfiquista é saber como o treinador vai jogar à frente da sua defesa. Trocando algumas peças, Jesus tem entregado as despesas a meio campo à dupla Weigl/João Mário, mas, após o descalabro contra o Sporting, o embate com uma equipa previsivelmente agressiva e autoritária na zona central, pode ditar mudanças, como o reforço do meio-campo (Pizzi ou Taarabt), ou o avanço no terreno de Grimaldo – no último jogo do Benfica no Dragão, o espanhol jogou à frente de Nuno Tavares e marcou o golo dos “encarnados”.
Essa partida, realizada há cerca de um ano, ditou a tendência dos frente a frente entre os dois clubes na época passada - ambos os jogos para o campeonato terminaram empatados a um golo -, mas na história recente do clássico entre “dragões” e “águias”, a vantagem tem sido “azul e branca”: seis vitórias para o FC Porto.
Na Taça de Portugal, porém, a supremacia tem sido do Benfica. Embora o último duelo tenha terminado com vitória portuense, por 2-1, na final da prova da edição 2019/20, a formação lisboeta tem 80% de taxa de sucesso em finais, sendo que também tem vantagem em eliminatórias disputadas a uma (seis apuramentos, contra dois) e a duas mãos (cinco, contra dois).
Com os responsáveis do FC Porto e Jorge Jesus em silêncio, o único que fez a antevisão da partida foi João de Deus, que garantiu que os benfiquistas conhecem bem o rival. “Temos analisado o FC Porto, que é muito forte nas dinâmicas colectivas e individuais, e com isso vai-nos obrigar a uma atenção permanente. Temos as nossas armas, queremos impor o nosso jogo, ter sucesso e vencer”, disse o técnico-adjunto do Benfica.
João de Deus previu ainda “um jogo aberto porque tem de haver uma decisão”, deixando um lamento pela ausência dos técnicos principais: “A bem do futebol, não deveria acontecer. Tanto o míster Jorge Jesus como o míster Sérgio Conceição deveriam estar no jogo, porque isso iria trazer mais espectáculo e encanto ao clássico.”