A pandemia “foi decisiva” para a primeira estrela Michelin de Tavira

Para fazer face à crise que se abateu sobre a restauração com a pandemia, Luís Brito decidiu apostar “com as fichas todas” no fine dining. Um ano depois, o restaurante A Ver Tavira conquista a primeira estrela Michelin.

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Carlos Brito A Ver Tavira DR
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Um restaurante não é só uma estrela: equipa d' A Ver Tavira DR

“Ver o nosso trabalho reconhecido é algo fantástico, emocionante”, reage Luís Brito ao telefone, ainda a partir de Valência, onde na noite de terça-feira subiu ao palco para receber a primeira estrela Michelin pelo trabalho no restaurante A Ver Tavira. É “um sentimento único” de “felicidade”.

Inaugurado em 2006, o restaurante A Ver Tavira é liderado por Luís Brito desde 2017, altura em que o chef decidiu mudar por completo o conceito do espaço, trocando a carta focada em pratos do dia por uma cozinha de autor. No ano passado, para fazer face à pandemia, deu mais um passo no caminho que vinha a ser trilhado, apostando “com as fichas todas” numa carta assumidamente de fine dining, com dois menus de degustação.

É, por isso, peremptório em assumir que “estes momentos de pandemia foram decisivos”, estando seguro de que “foi a altura certa para apostarmos a sério no fine dining”. O resultado está à vista: o restaurante acaba de conquistar a primeira estrela Michelin para Tavira numa noite particularmente feliz para a restauração portuguesa, com cinco novos galardoados, incluindo dois restaurantes algarvios (A Ver Tavira e Al Sud, em Lagos).

“Quando estamos neste patamar, estamos sempre à espera” da distinção do Guia Michelin, confessa Luís Brito. “Não quer dizer que pensasse que era para este ano, mas tinha alguma esperança que sim.” Numa publicação no Facebook, assumem que “para alguns” foram “a grande surpresa” da noite.

O segredo? A “união da equipa” e, acima de tudo, “trabalhar com a cozinha portuguesa”. “Acho que temos sabores fantásticos e temos, cada vez mais, que evidenciar o que temos de bom.” “É uma mais-valia para nós.”

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Em Julho, quando a Fugas visitou o restaurante, Luís Brito descrevia um conceito “muito vocacionado para a cozinha portuguesa” mas “sem fronteiras” quando “é necessário ir buscar um apontamento aqui e ali”, inspirando-se em alguns dos sabores descobertos em viagens ou nos países onde trabalhou anteriormente (Brasil, Angola, Espanha ou Alemanha). Sempre com uma aposta forte “no produto local, biológico, 50% mar e 50% terra”.

Na carta, o prato “Se eu fosse uma cataplana” continua a ser a estrela - “acho que ilustra bem o Algarve, apesar de não ser o tradicional, tem uma grande potência de sabores” - mas, todos os meses, há mudanças no menu para “introduzir pratos novos” ou “passar pratos do menu da noite para o almoço”, num trabalho de afinação constante.

Entre as novidades estão, por exemplo, um arroz de pato ou uma “açorda de peixe fantástica”, “para aquecer o coração”. “Como temos muitos clientes repetitivos, temos de introduzir algumas novidades para que as pessoas não fiquem saturadas”, acrescenta.

Apesar de o restaurante entrar agora para o clube restrito das estrelas, Luís Brito promete “não aumentar preços” nem fazer grandes mudanças. “Só vamos ter de trabalhar mais”, diz. “Quinta-feira já volto ao trabalho e com mais vontade ainda.”

No restaurante, os menus de almoço ficam entre 45 e 85 euros (de quatro a oito pratos), o menu de degustação de jantar de 60 (vegetariano) a 125 euros. As harmonizações de vinhos são opcionais (entre 35 e 75 euros).

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