“Eu não vou regressar a Portugal”, disse hoje João Rendeiro

O ex-banqueiro regressou ao Tribunal de Verulam, nos subúrbios de Durban, e acabou por não ser ouvido. A sessão foi adiada mais uma vez. Mas antes de abandonar a sala, questionado pela jornalista da CMTV, disse que não ia regressar a Portugal.

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João Rendeiro voltou esta terça-feira ao tribunal de Verulam LUSA/Luis Miguel Fonseca

Preso na África do Sul desde sábado, João Rendeiro disse esta terça-feira que não vai regressar a Portugal. Questionado pela jornalista da CMTV, quando ainda estava na sala do tribunal, se achava que ia ser libertado, o ex-banqueiro virou-se, tirou a máscara e disse: “Eu não vou regressar a Portugal”. A sessão voltou a ser adiada para amanhã porque a defesa solicitou mais tempo para elaborar o requerimento de libertação mediante o pagamento de uma caução. Como o Ministério Público não se opôs, o juiz aceitou.

O ex-banqueiro mantém este braço-de-ferro com a Justiça portuguesa, mesmo depois de ter sido transferido para a prisão de Westville onde já recebeu ameaças de morte.

Aliás, a defesa de João Rendeiro já terá até pedido a sua transferência para outra prisão porque, alegadamente, terá recebido ameaças de morte por parte de outros presos, segundo a Lusa. O PÚBLICO confirmou esta informação com a advogada June Marks.

“Como resultado das notícias” nos órgãos de informação, “ele [João Rendeiro] está a receber ameaças de morte”, referiu a advogada, explicando que “os outros prisioneiros ouvem as notícias na rádio”.

O ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro foi transferido na segunda-feira para Westville, um estabelecimento prisional localizado em Durban, na África do Sul, depois de ter passado duas noites na esquadra de Durban Norte.

Uma mudança bastante drástica, uma vez que na esquadra tinha uma cela apenas para ele e, ao que o PÚBLICO apurou junto de fonte policial, na prisão não será bem assim, até porque Westille é conhecida por estar sobrelotada e pela violência. É uma das maiores prisões do país.

Aliás, a segurança na prisão tem sido questionada, sobretudo depois de terem saído notícias sobre um episódio que resultou no esfaqueamento de dois guardas e no internamento hospitalar de quatro reclusos.

João Rendeiro voltou esta terça-feira ao tribunal de Verulam, nos subúrbios de Durban, onde chegou cedo, por volta das nove horas da manhã locais, sete horas em Lisboa, numa carrinha da prisão. Quando a sessão foi adiada, o ex-banqueiro foi conduzido novamente para a mesma prisão.

O ex-banqueiro, que estava em fuga há quase três meses, foi preso num hotel de cinco estrelas, em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.

O ex-presidente do extinto BPP foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado, num deles, que João Rendeiro retirou do BPP 13,61 milhões de euros.

Neste processo em concreto foi condenado a dez anos de prisão efectiva, estando essa sentença ainda em recurso. Mas o ex-banqueiro já tem uma pena de cinco anos e oito meses de prisão efectiva para cumprir, por falsificação informática e falsificação. Sentença essa que já transitou em julgado e no âmbito da qual foi emitido um dos mandos de detenção internacional e europeu.

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