O vinho Czar faz-se com doses de loucura

Sempre que passamos pela adega do Czar e ouvimos as histórias do seguidor da aventura começada por José Duarte Garcia, em 1970, ficamos com a sensação de que, a dada altura, na sala de provas, no Pico, alguém com um vozeirão à Zeca Medeiros e escondido no sótão onde estão os anjos que sugam pela calada da noite o misterioso vinho vai dizer o seguinte: “Este Fortunato não é bom da cabeça!”

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Pedro Silva

Antes do aparecimento do vidrão, José Duarte Garcia e o filho Fortunato já praticavam a reciclagem, visto que todas as garrafas onde metiam o misterioso Czar vinham dos restaurantes das redondezas. “Íamos buscar as garrafas que seguiriam para o lixo, lavávamo-las, enchiam-se, rolhavam-se, rotulavam-se e lá se metiam à venda”, diz-nos Fortunato Garcia. Então, é por isso que os formatos das garrafas mudavam tanto ao longo dos anos? “É, pois, porque dependíamos das tendências que os outros impunham, não é?”. E conseguiam sempre um formato uniforme para cada engarrafamento? “Sim, só houve um ano em que uma parte do lote teve de ir em garrafas diferentes. Pouca coisa.” E se o leitor está a imaginar que este modo de trabalho recua a meados do século passado, fique a saber que a primeira compra de garrafas para o vinho Czar só ocorreu em 1998.

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