Mês de Novembro em Portugal foi “muito frio” e o terceiro mais seco em 90 anos
Este mês de Novembro no continente foi o quarto mais frio deste século e fica só atrás dos valores de 1981 e 1958 em relação a mínimos de precipitação. Mais de metade do território continental está num período de seca fraca.
O mês de Novembro deste ano em Portugal continental foi o terceiro mais seco em 90 anos e o quarto mais frio deste século, de acordo com o boletim climático do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A análise indica que o valor médio da quantidade de precipitação, de 18,9 milímetros, foi “muito inferior ao normal” entre 1971 e 2000: houve um desvio negativo de 90,5 milímetros que coloca este mês de Novembro em terceiro nos que têm medição, apenas atrás dos valores de 1981 e 1958 (0,9 e 16,7 milímetros, respectivamente).
Esta variação muito negativa, que atingiu todo o território continental, agrava o valor da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2021-2022 (período de 12 meses durante o qual são medidos os totais de precipitação). Com este Novembro anormalmente seco, a precipitação acumulada desde 1 de Outubro corresponde a apenas 51% do valor normal.
Desta falta de precipitação resulta um “aumento significativo da área em seca meteorológica”, assim como um “aumento da intensidade” de seca severa na região Sul do país, nomeadamente em alguns locais de Setúbal, Beja e Faro.
Segundo o índice PDSI, que se baseia num conceito do balanço da água em função dos dados de quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo, 61,6% do território continental português atravessa um período de seca fraca – de resto, 8,1% está num período normal, 17,7% em seca moderada e 12,6% em seca severa.
Temperatura mínima muito abaixo do normal
Ainda que o mês de Novembro na Europa tenha sido o quinto mais quente a nível global, atrás dos registos de 2020, 2015, 2016 e 2019, a temperatura média em território nacional continental foi de 11,17 graus Celsius, um valor abaixo do valor normal e inferior a 80% dos registos verificados desde 1931.
Além disso, o valor médio da temperatura média (5,78 graus) foi “muito inferior” ao normal, sendo o 11º mais baixo desde 1931.
O valor alto da temperatura média na Europa, 1,1 graus superior ao valor normal (entre 1981 e 2010), resulta de registos quentes na parte leste e sudeste do continente, numa zona “que se estendia para oeste até à Irlanda. Porém, verificaram-se “diferenças regionais significativas”, de acordo com o IPMA: a Península Ibérica, França e zonas mais a norte do continente viram os termómetros registar temperaturas mais baixas que a média.
O mês foi marcado por quatro momentos de condições meteorológicas. Arrancou com uma “corrente perturbada de oeste”, de 1 a 3 de Novembro, que trouxe uma frente frontal “fria”, na altura com precipitação forte e queda de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela.
A partir daí, verificou-se o estabelecimento de três anticiclones ao longo do mês que colocaram Portugal sob aguaceiros fracos dispersos por todo o continente e sujeitaram o território a descidas significativas da temperatura do ar, em especial das temperaturas mínimas, principalmente nos dias 4 e 5 e na última semana do mês.