Boicote diplomático dos EUA aos Jogos Olímpicos pode causar “danos” nas relações bilaterais, avisa Pequim

Governo chinês “tomará todas as medidas necessárias, com firmeza”, diz porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, pedindo a Washington que deixe a política fora do desporto.

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Relógio com a contagem decrescente para os Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters

As autoridades chinesas alertaram esta terça-feira que o boicote diplomático dos Estados Unidos aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que terão lugar em Pequim, poderá causar “danos” ao diálogo bilateral e à cooperação entre os dois países em “áreas importantes”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, afirmou que “a política deve ficar de fora do mundo do desporto” e criticou a medida confirmada na segunda-feira pela Casa Branca, justificada pela violação dos direitos humanos na região de Xinjiang.

Zhao manifestou a oposição da China ao boicote e anunciou que Pequim “tomará todas as medidas necessárias” com “firmeza”. “O plano para tentar impedir a realização dos Jogos Olímpicos falhou e significa a perda de autoridade moral e credibilidade” por parte dos Estados Unidos, acrescentou.

Nesse sentido, o porta-voz da diplomacia chinesa pediu a Washington que deixasse de misturar política com desporto e lembrou que um boicote vai contra os princípios olímpicos. Na segunda-feira, um porta-voz da missão da China na ONU classificou a decisão como uma “farsa política” e disse que o sucesso do evento desportivo “não depende da presença de alguns altos funcionários de vários países”.

Para o Governo chinês, a decisão dos EUA, anunciada na segunda-feira pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, apenas demonstra a “sua mentalidade ao estilo da Guerra Fria e a sua intenção de politizar o desporto, criar divisões e provocar conflitos”.

Associações e organizações não-governamentais há muito que pedem um boicote à competição desportiva, acusando o Governo de Pequim de manter mais de um milhão de muçulmanos uigures em campos de reeducação na província de Xinjiang.

Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 vão prolongar-se entre os dias 4 e 20 de Fevereiro do próximo ano, na capital chinesa, e a participação no evento tem dividido a política norte-americana, com a entrada de vários projectos de lei no Congresso destinados quer a sancionar empresas que apoiem o evento quer a instar a um boicote total.

O Comité Olímpico norte-americano pediu para que não se punam os atletas após quase dois anos de pandemia de covid-19, lembrando que o boicote contra os Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, entre outros, foi “um erro” que transformou o desporto num “instrumento político”.