Docas de bicicletas Gira não abrem por falta de electricidade

Empresa com quem a EMEL tinha contrato deixou de fornecer energia e agora é preciso novo concurso público para instalar contadores. O processo pode arrastar-se, deixando zonas consideradas prioritárias sem cobertura.

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O crescimento da rede Gira tem sido marcado por constantes percalços Rui Gaudencio

O encerramento de uma pequena comercializadora de electricidade da Guarda teve um efeito inesperado na mobilidade de Lisboa. É que entre os cerca de 3900 clientes da Hen estava a EMEL, que desde meados de Outubro não consegue instalar novos contadores de electricidade. Resultado? Há cerca de 50 docas Gira que estão prontas mas que não podem receber bicicletas por falta de energia.

Devido à agitação no mercado grossista de electricidade, que elevou os preços para máximos históricos, a Hen - Serviços Energéticos Lda. foi a primeira empresa em Portugal a comunicar à Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), no mês passado, que não conseguia continuar a “assegurar o fornecimento aos seus clientes”.

Todos eles passaram automaticamente para o chamado Comercializador de Último Recurso, a SU Electricidade. Esta empresa do grupo EDP “apenas assegura contratos já instalados, mas não instala contadores novos”, explicou a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), em resposta a perguntas do PÚBLICO.

Por este motivo, apesar de estarem instaladas há vários meses um pouco por toda a cidade, as docas estão inactivas. E assim devem continuar por longo tempo. “A EMEL está em processo de contratação pública (que tem que seguir os seus trâmites) para contratar um novo fornecedor de energia”, afirmou fonte oficial. Na plataforma que habitualmente usa para lançar os seus concursos públicos, a empresa ainda não colocou nenhum procedimento para este assunto. “Logo que este procedimento esteja concluído, iniciaremos o processo de conclusão das estações, isto é, ligações finais, testes de comunicações, etc.”

Algumas docas que estão inactivas situam-se em locais considerados prioritários pela câmara municipal, como a Av. Almirante Reis e ruas adjacentes, Algés, Amoreiras e Estação Sul e Sueste, entre outras. No ano passado, PCP e PSD conseguiram aprovar propostas para que as Gira chegassem preferencialmente à zona ocidental da cidade, devido às carências de transportes que se verificam naquela área. Freguesias como Benfica, São Domingos de Benfica, Campolide, Campo de Ourique, Ajuda, Beato e Marvila ainda não têm qualquer doca activa.

A rede pública de bicicletas partilhadas de Lisboa tem actualmente 102 docas activas e 700 velocípedes. O número de docas aumentou nos últimos meses com a abertura de estações em Alcântara, Belém, na Cidade Universitária e nos Olivais, mas o volume de bicicletas disponíveis é o mesmo de Abril. A empresa chegou a ter 900 veículos em operação, mas uma onda de vandalismo no Verão deixou pelo menos uma centena de bicicletas indisponíveis.

A rede Gira entrou ao serviço em 2017 e deveria ter já mais de 140 docas e 1400 bicicletas, mas problemas no fornecimento dos velocípedes atrasaram muito a operação e levaram mesmo a EMEL a rescindir contrato com a fabricante inicial, a Órbita. O consórcio Meo/Soltráfego foi depois escolhido para o fornecimento de 730 bicicletas, que começaram a chegar à cidade em meados de 2021.

“A EMEL tem neste momento um concurso activo para mais 50 estações Gira que está em fase de avaliação de propostas”, adianta também a empresa.

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