Olga Tokarczuk: a Nobel da Literatura 2018 vai estar no Centenário de Saramago
As Conferências do Nobel: Emergências Saramaguianas trarão a Lisboa, durante o próximo ano de comemorações do Centenário de José Saramago, a escritora polaca autora de Viagens entre os convidados que irão abordar temáticas que o Nobel da Literatura português tratou na sua literatura. Esta é uma das novidades da programação do centenário que esta terça-feira arranca com leituras em escolas e em bibliotecas além do concerto e sessão de abertura.
Um dos momentos marcantes do Centenário de José Saramago, que se assinala a 16 de Novembro de 2022, mas cujas comemorações, que duram um ano, começam já esta terça-feira, data em que o Nobel da Literatura 1998 completaria 99 anos, são as Conferências do Nobel: Emergências Saramaguianas. Tendo como comissário convidado o escritor e bibliotecário Alberto Manguel, as conferências arrancam a 3 de Janeiro, precisamente com o encontro com o autor de Uma História da Leitura, como revelou Carlos Reis, o comissário para as comemorações do centenário, ao PÚBLICO. Partindo do pensamento social e literário do Prémio Nobel da Literatura José Saramago, os convidados irão abordar temáticas sobre as quais também Saramago se pronunciou e que são problemas do nosso século – crise climática, migrações ou as diferenças sociais Norte-Sul.
No dia 3 de Maio decorrerá a conferência com a escritora etíope Maaza Mengiste, autora de The Shadow King, e a 4 de Julho o convidado será o colombiano Juan Gabriel Vásquez, autor de O Barulho das Coisas ao Cair. Ainda sem data está a conferência da prémio Nobel da Literatura 2018, Olga Tokarczuk, autora de Viagens. Falta anunciar o quinto convidado, mas já se sabe que estes conferencistas irão também passar pela Rede de Bibliotecas de Lisboa para encontros mais informais com os leitores.
Nas livrarias já está a nova edição de Viagem a Portugal, reeditada pela Porto Editora com fotografias inéditas do autor e também de Duarte Belo, e está a ser feita uma série documental para a RTP realizada por Ivan Dias inspirada neste livro com o humorista brasileiro Fábio Porchat. A Agenda José Saramago para 2022 (edição da Imprensa Nacional, em parceria com a Fundação José Saramago) está também a ser preparada.
Esta terça-feira, às 15h, na Fundação José Saramago será apresentado o projecto Viagem a Portugal Revisited, um mapa digital em parceria com o Turismo de Portugal, mas as comemorações iniciam-se às 10h em várias escolas com as Leituras Centenárias e o conto A Maior Flor do Mundo — as sete bibliotecas da Rede de Bibliotecas José Saramago, em Almada, Avis, Beja, Leiria, Loures, Montemor-o-Novo e Odemira promovem maratonas de leituras e outras actividades; e na Azinhaga, Golegã, onde o escritor nasceu, será plantada a 99.ª das “100 oliveiras para Saramago”. A centésima oliveira será plantada no próximo ano, na data em que Saramago faria 100 anos. Mais tarde, no Teatro São Luiz, em Lisboa, reliza-se esta terça-feira a sessão de abertura do Centenário José Saramago com Manifesto pela Leitura, apresentado pela escritora espanhola Irene Vallejo (autora de O Infinito num Junco) e o concerto As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Joseph Haydn, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e com leitura de textos de José Saramago pela actriz Suzana Borges.
No dia 29 de Novembro, pelas 21h, o evento Porto de Encontro regressa à Casa da Música, no Porto, para uma sessão evocativa do centenário. Além de Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago, participam Afonso Reis Cabral (Prémio Saramago 2019), Bruno Vieira Amaral (vencedor em 2015), Gonçalo M. Tavares (venceu em 2005), João Tordo (em 2009), Paulo José Miranda (o primeiro vencedor deste prémio, em 1999) e Valter Hugo Mãe (distinguido em 2007). Haverá momentos musicais e leituras com Ana Celeste Ferreira, Teresa Salgueiro, Manuela Azevedo e António Durães.
Os Legados Saramaguianos, conjunto de sessões com escritores da geração do Prémio José Saramago, estão ainda a ser preparadas para terem início em 2022, bem como as leituras e debates em torno “de escritores da chamada árvore genealógica de Saramago”, entre os quais Carlos Reis identifica, a partir de testemunhos deixados pelo autor, o padre António Vieira, Raul Brandão, Almeida Garrett, Jorge Luis Borges ou Kafka.
Até ao final do ano acontecem várias reuniões académicas: o II Colóquio de Estudos Saramaguianos, pelas Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Federal Fluminense (desta terça-feira até 18 de Novembro, online); o Colóquio Temático, pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (9 e 10 de Dezembro) ou a VI Conferência Internacional José Saramago da Universidade de Vigo, pela I Cátedra Internacional José Saramago (10 a 13 de Dezembro, em Lisboa).
Os três teatros nacionais também se juntam à comemoração. A 10 de Junho de 2022 terá estreia uma nova adaptação dramatúrgica de Ensaio sobre a Cegueira, numa co-produção do Teatro Nacional São João, do Teatro Nacional da Catalunha e do Teatro Nacional D. Maria II. Em Outubro de 2022 poder-se-á assistir à ópera Blimunda, de Azio Corghi e José Saramago, no São Carlos, com direcção artística de Elisabete Matos. A programação do centenário pode ser consultada em www.josesaramago.org.