Não há fórmula mágica para as alterações climáticas: é da responsabilidade e trabalho de todos!

A inovação social aberta, o envolvimento do indivíduo são parte da solução – mas também há um papel para o governo, o sector público e os decisores políticos.

A COP26 em Glasgow recordou-nos a urgência das alterações climáticas (se necessário) e a necessidade de adotar uma abordagem sistémica para enfrentar questões sociais complexas. COP, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, convida a sociedade civil, as autoridades locais e as empresas, bem como os líderes mundiais e os representantes governamentais a discutir e desenvolver soluções para enfrentar as alterações climáticas. Ao fazê-lo, ilustra a necessidade de ação coletiva e colaboração intersectorial entre todas as partes interessadas para enfrentar problemas perversos como as alterações climáticas.

Embora o valor da colaboração intersectorial e do envolvimento de múltiplos stakeholders seja reconhecido por todos, como levá-lo à prática é um trabalho em curso. Ultimamente, tem havido um enfoque em como envolver os indivíduos e a sociedade civil através da inovação social aberta. Os indivíduos são convidados a idealizar de forma colaborativa questões sociais complexas em hackathons ou desafios online patrocinados por governos ou agências internacionais. Embora o impacto social seja muitas vezes concebido em termos de programas de grande escala e mudanças a nível de políticas, a inovação social aberta mostra que as bases e as soluções bottom-up que gera podem também criar impacto social.

Não só estudei a inovação social aberta, como também participei e facilitei desafios da inovação aberta. Ver como os participantes se empenharam entusiasticamente no desenvolvimento de soluções para enfrentar problemas complexos é definitivamente inspirador. No entanto, a inovação social aberta é apenas uma parte da solução. Para criar as mudanças sociais a longo prazo necessárias à resolução de grandes desafios, não podemos contar apenas com atores individuais, a sociedade civil e o terceiro sector. São também necessárias mudanças nas políticas e investimentos em grande escala em infraestruturas. Se o envolvimento dos indivíduos é crucial para gerar soluções que deem resposta às necessidades das comunidades e sejam adaptadas aos contextos locais, os indivíduos sozinhos não podem conduzir e implementar soluções. Há um papel para o governo, sector público e decisores políticos no apoio e fomento de ideias inovadoras geradas por indivíduos ou comunidades.

Portugal Inovação Social é um grande exemplo de tal esforço. Esta iniciativa governamental, financiada pela UE e lançada em 2014, visava desenvolver um ecossistema sustentável de inovação social e empreendedorismo social em Portugal, através da construção de instrumentos de financiamento que combinassem de forma criativa o financiamento público e privado, em conjunto com programas de capacitação e contratação orientada para os resultados. Desta forma, reconhece o valor das inovações de base e bottom-up, bem como a necessidade de as alimentar através de políticas públicas e investimento público. E os dados mostram resultados positivos até agora com 465 projetos de inovação social financiados em 2020.

Voltando à COP26, não há fórmula mágica para as alterações climáticas: é da responsabilidade de todos e precisamos de repensar a forma como vivemos e o que consumimos. No entanto, isto não chega. Exige o envolvimento de todos os stakeholders. Grupos da sociedade civil que se manifestaram nas ruas de Glasgow fizeram eco dos recentes avisos do secretário-geral da ONU, António Guterres: “Já passou o tempo das simpatias diplomáticas... Se os governos – especialmente os governos do G20 não se erguerem para liderarem este esforço, estamos a caminhar para um terrível sofrimento humano.”

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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