Eleições no sindicato dos pilotos obrigam a segunda volta
Nenhum candidato arrecadou a maioria dos votos, pelo que a disputa eleitoral está agora entre a lista F, liderada por Tiago Faria Lopes (ficou com 41%) e a lista A, encabeçada por David Paes (captou 31%).
As eleições para escolher o próximo presidente do sindicato dos pilotos da aviação civil (SPAC) vão ter uma segunda volta, disputada por Tiago Faria Lopes (lidera a lista F) e por David Paes (lista A), por terem sido as duas mais votadas, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO junto de fontes ligadas ao processo.
Pelo caminho ficou a lista R, encabeçada por António Costa Ramalho, comandante de longo curso e actual presidente da assembleia geral do SPAC. A segunda volta decorre dos estatutos do SPAC, os quais estipulam que a direcção escolhida tem de captar mais de metade dos votos.
A lista de Tiago Faria Lopes captou 41% dos votos, cabendo 31% à lista de David Paes e 28% à lista de António Costa Ramalho.
Os três candidatos são pilotos da TAP. David Paes é comandante de médio curso e liderou o SPAC entre 2015 e 2017, ano em que perdeu as eleições ao concorrer contra Alfredo Mendonça. Tiago Faria Lopes é também comandante de médio curso, tendo sido eleito membro da assembleia de freguesia de S. Domingos de Rana (Concelho de Cascais) como candidato do Chega nas últimas eleições autárquicas.
O processo eleitoral ocorre numa altura em que se aguarda ainda a “luz verde” de Bruxelas ao plano de reestruturação da TAP, faltando assim saber se este implica ou não mais cortes de despesas por parte da transportadora aérea.
As eleições foram convocadas na sequência da demissão da direcção presidida por Alfredo Mendonça, anunciada em Agosto. Na altura, a direcção justificou a decisão com a inclusão de um eventual recurso à greve nos temas da agenda que poderiam ser deliberados numa assembleia de empresa que estava prestes a realizar-se (e que acabou suspensa).
Em Abril, poucos meses antes de ter apresentado a demissão, Alfredo Mendonça já tinha resistido a uma moção de destituição que tinha sido apresentada por um conjunto de associados.
Conforme noticiou o PÚBLICO, houve vários pilotos associados do SPAC - muito ligado à TAP - que não se reviram na forma como a direcção do sindicato lidou com a administração da companhia aérea e com o Governo socialista no processo de reestruturação da empresa devido à crise pandémica e que implica, entre outros aspectos, o corte de salários e de postos de trabalho.
No âmbito do acordo de emergência que foi assinado entre o sindicato e a TAP, estipulou-se uma redução salarial de 50% este ano, que passa depois para 45% em 2022, 40% em 2023 e 35% em 2024. Em troca, foram protegidos vários postos de trabalho mas tal não evitou rescisões amigáveis, reformas antecipadas e até um despedimento colectivo, além do fim de muitos contratos a prazo.
A maioria acabou por votar favoravelmente o acordo de emergência, mas até ter sido apurado o resultado final havia quem perspectivasse a hipótese de este ser rejeitado.