Acordo de 32 países para fim da venda de automóveis poluentes com ausências de peso
Quatro dos maiores fabricantes automóveis ficaram de fora do compromisso assumido em Glasgow, tal como países como a China e os Estados Unidos da América.
O sector dos transportes, onde se destacam os veículos automóveis, é um dos maiores emissores de gases nocivos para a atmosfera, o que os torna um dos temas incontornáveis na cimeira do clima que se realiza em Glasgow, na Escócia. Nesta quarta-feira foi anunciado na COP26 um compromisso para acelerar a transição para emissões zero de veículos automóveis, mas cuja adesão se apresenta como modesta.
De acordo com o comunicado da COP26, apenas 32 países assinaram este compromisso e, nestes, não estão presentes nem a China nem os Estados Unidos da América (EUA), os dois maiores mercados mundiais. Do lado dos fabricantes, conforme destacou o Financial Times (FT), as ausências englobam quatro dos cinco maiores fabricantes a nível mundial: Volkswagen, Toyota, Renault-Nissan e Hyundai-Kia. Algumas destas marcas já definiram objectivos próprios de transição ambiental.
Para ajudar a compensar a falta de mais países, há a adesão de diversas cidades e regiões, sendo que o compromisso reúne também diversos investidores da indústria automóvel, grupos que operam com grandes frotas (como a Uber e a Ikea, numa lista onde está também a EDP) e companhias de leasing.
A lista de países também não inclui grandes mercados como a Alemanha, nem diversos países da União Europeia (Portugal foi um dos que não rubricaram, tal como muitos outros, ao contrário dos Países Baixos ou da Polónia). Neste caso, no entanto, a Comissão Europeia já afirmou, em Julho, que a partir de 2035, todos os veículos que saírem da linha de montagem para circular no espaço europeu terão de cumprir um limite zero para as emissões de CO2.
Os compromissos assumidos nesta quarta-feira variam conforme a tipologia de grupo em causa. Por parte dos países desenvolvidos, o objectivo é o de trabalhar para que todas as vendas de novos carros, ligeiros, comerciais e colectivos, tenham emissões zero até 2040 ou antes, e não mais tarde do que 2035 nos mercados líderes.
Os fabricantes automóveis dizem que vão trabalhar para chegar ao objectivo de ter 100% de novos veículos com emissões zero nos mercados líderes em 2035 ou antes, e os donos de frotas colocam objectivo em 2030 ou antes nos mercados em que isso for possível.
Do lado dos ambientalistas, o grupo Transporte e Ambiente (T&E), a que a associação ambientalista portuguesa Zero pertence, considera que as promessas contidas no compromisso hoje anunciado têm de ser convertidas em legislação. “Com a China, EUA, Alemanha e França ausentes, vai ser necessário mais do que uma declaração não-vinculativa para limpar a maior fonte de poluição dos transportes”, defende a T&E.
Para Francisco Ferreira, dirigente da Zero, para que a meta de 2035 seja atingida é também necessário que “os carros eléctricos sejam acessíveis a todas as classes de rendimento”. Este responsável diz ainda que a lei do clima de Portugal, aprovada semana passada no Parlamento, “infelizmente, só defende fim de venda dos 100% a combustíveis fósseis, deixando que veículos a gasóleo e gasolina híbridos plug-in possam continuar a ser vendidos.