Aplicação informática vai permitir identificar ninhos de gaivotas no Grande Porto
O executivo camarário defende a execução de medidas rigorosas e céleres na resolução da proliferação de gaivotas, que considera um “grave problema de saúde pública”.
A Câmara do Porto revelou esta segunda-feira que vai ser lançada, no âmbito do plano de acção para controlo de gaivotas, uma aplicação informática que vai permitir a participação dos cidadãos na identificação de ninhos ou locais de nidificação.
A informação foi prestada na reunião do executivo de hoje pelo vice-presidente da Câmara do Porto e vereador com o pelouro do Ambiente, Filipe Araújo, quando confrontado com uma proposta de recomendação dos vereadores do Partido Socialista (PS), que defendia a execução de medidas rigorosas e céleres na resolução deste “grave problema de saúde pública”, exigindo a concretização de um plano de controlo da proliferação de gaivotas, em contexto urbano.
“Para além de sites e outras informações que estamos a trabalhar, está também [em desenvolvimento] uma aplicação informática para divulgar e para permitir a participação dos cidadãos”, indicou, acrescentando que vai ser possível aos cidadãos identificar ninhos ou comunicar, por exemplo, ataques de gaivotas.
Esclarecendo que foi assinado um protocolo em Outubro de 2019, no âmbito da Área Metropolitana do Porto, para implementação de um plano de acção que garantisse várias valências complementares como a georreferenciação das queixas e ninhos identificados pelos munícipes, uma estimativa do número de ninhos com base no comportamento reprodutora da espécie, um benchmarking com outras cidades europeias que têm o mesmo desafio e a comunicação com os cidadãos associadas a medidas concretas.
“Aquilo que é proposto na recomendação é algo que já existe e que foi assinado por muitos municípios, inclusive município governados pelo Partido Socialista”, salientou, acrescentando que esse plano, que implicou um investimento municipal na ordem dos 22.500 euros, está em marcha.
Coordenado pela AMP mediante quotização de cinco municípios, o estudo — adjudicado ao consórcio Floradata /Wedotch — pressupõe, no prazo de 12 meses, a monitorização das populações de gaivotas; a avaliação dos seus padrões de reprodução, movimentação e alimentação neste território, com recurso a drone e observação directa em pontos altos e seguimento por GPS de 25 indivíduos.
Pressupõe ainda a implementação de testes piloto no terreno com vista à avaliação da diminuição da reprodução e a dinamização de campanhas de sensibilização destinadas à população em geral. Neste âmbito, está em desenvolvimento um site dedicado ao tema onde estarão reunidas todas as informações relativas ao trabalho em curso; estando ainda previsto, entre outras, a realização de actividades educativas em escolas e grandes eventos públicos, definidos com cada município.
De acordo com o município, o número de pedidos de recolha de ninhos e gaivotas na via pública, no Porto, tem vindo a aumentar, tendo em 2021 totalizado as 834 intervenções. Perante o impacto da espécie na cidade, a autarquia, referiu o presidente da autarquia, Rui Moreira, decidiu até tomar um conjunto de medidas preventivas no Mercado Bolhão cuja obra de reabilitação deve ficar concluída no final do ano.
O autarca defendeu que é necessário entender que a gaivota, sendo uma espécie protegida “já não é um animal simpático”, defendendo legislação que traduza esta realidade. Sublinhando que as gaivotas são hoje, em contexto urbano, uma “praga”, o social-democrata Vladimiro Feliz defendeu que fenómenos como este, tem de ser tratados de forma articulada, a uma escala metropolitana e regional, replicando as boas práticas internacionais.
Perante os esclarecimentos prestados, os vereadores do PS decidiram retirar a proposta de recomendação, insistindo, contudo, na apresentação, até ao final do ano, dos resultados concretos do estudo que está a ser feito.