Greta Thunberg diz que COP26 é “festival de branqueamento” dos países do Norte

Activista sueca queixa-se de que o objectivo dos organizadores é manter a situação vigente dando uma imagem ilusória de que estão a ser feitos progressos.

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Greta Thunberg participa numa manifestação em Glasgow, esta sexta-feira Reuters/RUSSELL CHEYNE

A jovem activista sueca Greta Thunberg pôs em causa os motivos da organização da cimeira COP26, que está a decorrer em Glasgow, na Escócia, dizendo que é a mais exclusiva das cimeiras mundiais do clima e uma montra para os países ricos.

“Já não é uma conferência sobre o clima, é um festival de lavagem da imagem ‘verde’ para os países do Norte”, disse Thunberg na rede social Twitter.

Segundo a activista, a 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que começou no domingo e termina a 12 de Novembro, reduz-se a duas semanas de exaltação do statu quo da acção climática e do “blá, blá, blá” dos políticos.

Esta sexta-feira e sábado, Thunberg participa em duas manifestações no centro de Glasgow.

Entrada limitada

Na quarta-feira, a Rede Internacional de Acção Climática acusou a organização da COP26 de impedir a entrada da maioria dos seus delegados nas negociações.

Um advogado da rede de organizações contra as alterações climáticas, Sébastien Duyck, disse que a cimeira “não está a ser nada inclusiva”, apontando que apenas quatro observadores da sociedade civil podem estar presentes nas negociações.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos reúnem-se em Glasgow para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 ocorre cerca de seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5ºC e 2ºC acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia da covid-19, segundo a ONU, que estima que ao actual ritmo de emissões as temperaturas serão superiores em 2,7ºC no final do século.