Bayern assombrou o Benfica em Munique
Lewandowski marcou três golos, fez uma assistência e ainda falhou um penálti. O polaco “destruiu” o Benfica, que foi goleado e terá de fazer pela vida em Barcelona, no dia 23.
Antes do Bayern de Munique-Benfica, o cenário era simples de traçar: uma vitória portuguesa seria irreal e dependente de competência extraordinária, um empate seria um cenário improvável, uma derrota seria trivial e mesmo uma derrota com goleada não estaria revestida de escândalo. Nesta terça-feira, na Liga dos Campeões, o cenário confirmou-se e o Benfica sai de Munique “assombrado” por um 5-2 na “casa do terror” que é a Allianz Arena.
Este desfecho apura desde já os alemães para os “oitavos-de-final” da Champions, enquanto o Benfica recebeu duas más notícias: à da derrota em Munique juntou-se o eco do triunfo do Barcelona em Kiev, frente ao Dínamo. Antes de quaisquer contas adicionais, o Benfica sabe que terá de ir pontuar a Barcelona, no dia 23, se quiser ter hipótese de seguir em frente na Liga dos Campeões.
Na antevisão do jogo, Jorge Jesus tinha dado a entender que não contava com nada desta viagem à Alemanha, que a derrota era um cenário provável e que o apuramento se jogaria mais à frente.
Cerca de uma hora antes do jogo, a retórica do técnico ganhou significado quando jornalistas e demais interessados no “onze” do Benfica tiveram de suster a respiração perante o alinhamento anunciado pela UEFA. Poupar? Em Munique? O que deu a Jesus? Em tese, a Allianz Arena é o pior estádio do mundo para não apresentar o “onze” mais forte possível. Mas Jorge Jesus fê-lo.
Mas talvez não tenha sido apenas uma gestão física por parte de um treinador descrente num bom resultado em Munique e sedento de um bom desempenho no próximo fim-de-semana, frente ao Sporting de Braga. Otamendi, Weigl e Rafa estavam em risco de suspensão caso vissem um cartão amarelo e Jesus começou, em Munique, a pensar na viagem a Barcelona. Depois, “compôs o ramalhete” tirando da equipa o uruguaio Darwin, aí provavelmente mais por gestão física.
E foi neste contexto que o Benfica subiu ao relvado com Morato, Meïté, Pizzi e Everton, na teoria nenhum deles um provável titular. E o que significou este “onze”? No plano geral, que Jesus tinha mais a cabeça em Barcelona do que em Munique. No plano concreto para este jogo, que o Benfica foi a Munique com uma equipa “a gasóleo”. Meïté, João Mário, Pizzi, Everton e Yaremchuk estão longe de serem jogadores intensos e dinâmicos sem bola – e foi sem ela que o Benfica jogou em Munique.
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Mais uma jogada daquelas e a finalização de Lewandowski ??#ChampionsELEVEN pic.twitter.com/9SFZ5Mw5Wi
No caso do ponta-de-lança a opção ganhou contornos ainda mais inesperados na medida em que Jesus deixou o ucraniano “plantado” na frente, muito longe do restante bloco. Assim, Yaremchuk não foi útil sem bola, porque pressionou sozinho, nem fui útil com bola, porque depois lhe faltava fulgor físico e apoio próximo para combinar – e é no jogo combinativo que o ucraniano mais se destaca e não tanto na exploração do espaço.
Ainda assim, o Benfica entrou bem na partida, com um remate de Pizzi aos 2’ e um golo anulado a Veríssimo aos 15’. No entanto, no plano defensivo a estratégia não correu bem.
Do lado esquerdo, Morato, Grimaldo e Everton foram um trio em permanente agonia, sobretudo o espanhol. E o francês Coman fez questão de preparar Grimaldo para o que ali vinha.
Começou aos 6’, quando “deitou” Grimaldo e assistiu Gnabry para defesa de Odysseas. Aos 20’, voltou a passar facilmente por Grimaldo e assistiu Pavard. Aos 26’… mais do mesmo. Voltou a passar pelo espanhol e assistiu Lewandowski, que finalizou de cabeça.
Foi algo bizarra a forma como Grimaldo foi exposto em um contra um sem que Everton baixasse para fazer o dois contra um ou que Morato se aproximasse para dobrar Grimaldo. E assim Coman fez o que quis.
Foi comum ver os médios do Benfica a correrem para trás, algo que, normalmente, indica desposicionamento da equipa. E entre isso e o permanente atraso a chegar ao portador da bola o Benfica pouco conseguiu fazer para travar o Bayern.
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Reduz Darwin e grande jogada de João Mário ??#ChampionsELEVEN pic.twitter.com/Bt702AOfkM
Aos 19’, Odysseas salvou o Benfica, mas nada pôde fazer aos 32’. Novamente atrasado a estabilizar o bloco à frente da bola, o Benfica deixou Kimmich ver o jogo de frente e lançar Lewandowski na profundidade. E deixar o alemão de frente para o jogo é pedir problemas. O avançado polaco, bem servido, limitou-se a assistir Gnabry, que finalizou de calcanhar.
Sem aparente dificuldade, o Bayern jogou o que quis jogar, mas o Benfica conseguiu reduzir num lance de bola parada. Houve cruzamento de Grimaldo, após um livre curto, e cabeceamento de Morato.
O Bayern ainda falhou um penálti perto do intervalo, com defesa de Odysseas a remate fácil de Lewandowski, mas tratou-se apenas de atrasar o golo. Aos 49’, Kimmich deu mais um pouco do seu recital próprio e, com um grande passe, permitiu a Davies assistir Sané, que finalizou de primeira.
O jogo entrou, depois, numa fase mais calma, com o Bayern a fazer rodar a bola tranquilamente e o Benfica impotente para o contrariar. Ainda assim, os “encarnados” mantinham o bloco algo anárquico sem bola, com jogadores a pressionarem alto, com referências individuais, e outros a manterem o controlo zonal, bastantes metros atrás. Um dos que nunca teve pudor em sair ao portador da bola foi Meïté, cuja audácia deixou a equipa permanentemente desposicionada.
E aos 61’ houve uma transição do Bayern, com muito Benfica na frente. Sané correu nas costas da defesa, esperou por Lewandowski e o polaco, isolado, “picou” por cima de Odysseas. O guardião grego nada conseguiu fazer, mas ainda impediu mais um trio de lances perigosos do Bayern.
Com os alemães já em ritmo de treino, em gestão para a Bundesliga, Darwin, entretanto lançado, ainda conseguiu reduzir para 4-2 num lance de contra-ataque. E confirmou-se tudo o que já se sabia do Bayern: que é uma equipa avassaladora no processo ofensivo, mas que defende com poucos jogadores, expondo-se com frequência. E ficou também clara a forma como Darwin poderia ter sido mais útil do que Yaremchuk num jogo em que nunca haveria Benfica em ataque posicional, mas sim em transições.
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Sané está jogar muito ??#ChampionsELEVEN pic.twitter.com/cF9TA6Z9KY
Antes do final ainda houve tempo para o hat-trick de Lewandowski, que foi lançado por Neuer e fez um chapéu a Odysseas. E foram só três porque o polaco decidiu “oferecer” o tal penálti ao grego na primeira parte.
Duas notas finais para a estreia de Paulo Bernardo pelo Benfica e para Rafa, cujo limite de cartões amarelos levou Jesus a poupá-lo, mas acabou por entrar para cerca de meia hora de jogo, arriscando não ir a Barcelona.