Alcançado o primeiro acordo da COP26: Bolsonaro, Biden e Xi Jinping assinam declaração para protecção das florestas
Presidente do Brasil, acusado de promover a aceleração da desflorestação na Amazónia, está entre os signatários do acordo, bem como os Estados Unidos, China, Austrália, França e Rússia.
Os líderes mundiais vão comprometer-se nesta terça-feira na cimeira do clima das Nações Unidas a deter a desflorestação até 2030 para combater as alterações climáticas, anunciou o Governo britânico, anfitrião do encontro, um compromisso considerado, no entanto, demasiado distante pelos ambientalistas.
Uma declaração conjunta será adoptada por mais de cem países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.
A iniciativa, que beneficiará de um financiamento público e privado de 19,2 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros), é essencial para alcançar o objectivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial, segundo o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
“Esses formidáveis ecossistemas abundantes – essas catedrais da natureza – são os pulmões do nosso planeta”, estão no centro da vida de comunidades ao absorver uma grande parte do carbono libertado na atmosfera, dirá Boris Johnson no seu discurso, de acordo com excertos divulgados pelo seu gabinete.
O primeiro-ministro britânico irá lembrar que as florestas “são essenciais à sobrevivência” da humanidade, mas que estão a recuar ao “ritmo alarmante” de 27 estádios de futebol por minuto.
Com o compromisso, que está a ser classificado como “sem precedentes” e que pretende, nomeadamente, restaurar terras degradadas, combater incêndios e apoiar as comunidades indígenas, os países terão, para o chefe do Governo britânico, “a oportunidade de terminar a longa história de uma humanidade conquistadora da natureza, tornando-se antes guardiã”.
Entre os signatários do compromisso estão o Brasil e a Rússia, países acusados de acelerar a desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França.
Numa das sessões desta terça-feira da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), os dirigentes de mais de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não investir mais em actividades ligadas à desflorestação, segundo o comunicado de Downing Street.
Actualmente, quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases com efeito de estufa provém de actividades como a agricultura e a indústria madeireira.
Este novo compromisso faz eco da “Declaração de Nova Iorque sobre as florestas”, de 2014, quando muitos países se comprometeram a reduzir para metade a desflorestação em 2020 e a pôr-lhe fim em 2030.
Mas, para organizações não governamentais (ONG) como a Greenpeace, o objectivo de 2030 está demasiado distante no tempo e dá, assim, luz verde a “mais uma década de desflorestação”.
“Os povos indígenas exigem que 80% da floresta amazónica seja protegida até 2025, e têm razão, é o que é preciso fazer”, insistiu Carolina Pasquali, responsável da Greenpeace no Brasil.
Embora saudando estes anúncios, Tuntiak Katan, da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia da Amazónia (Coica), indicou que a forma como as verbas alocadas a esse objectivo serão efectivamente gastas será monitorizada de perto.