Prémio Femina para Clara Dupont-Monod

Escritora recebeu o prémio para o romance em francês com S’adapter. O turco Ahmet Altan foi o distinguido na ficção estrangeira e Annie Cohen-Solal a escolhida na categoria de ensaio.

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Clara Dupont-Monod tem 48 anos e trabalha também como editora e jornalista G.Garitan

Foi uma disputa renhida mas, no fim, Clara Dupont-Monod acabou por ganhar o Prémio Femina 2021 para o romance francês, anunciado ao início da tarde desta segunda-feira.

Segundo o diário francês Le Monde e a agência de notícias France Presse, S’adapter (edições Stock), a obra de Dupont-Monod, mediu forças com Climax (Flammarion), de Thomas B. Reverdy, e venceu pela margem mínima – seis dos jurados escolheram o primeiro romance e cinco o segundo.

O Femina, que tradicionalmente abre a temporada de Outono de prémios literários em França  o Médicis é anunciado esta terça-feira, o Grande Prémio de Romance da Academia Francesa na quinta e os prémios Goncourt e Renaudot a 3 de Novembro –, distinguiu este ano uma ficção sobre a forma como uma criança com deficiência é recebida pelos seus irmãos.

Clara Dupont-Monod confessou aos jornalistas a “surpresa” e a “emoção” que o prémio lhe trouxe: “Gostaria de o dedicar a todos os que são diferentes, e que ainda assim são 12 milhões em França, e a todos os seus irmãos, a todos os que cuidam deles.” O que o Femina coroa, acrescentou a editora e jornalista de 48 anos, “vai muito além deste livro e é isso que comove”.

Madame Hayat (Actes Sud), romance escrito na prisão e que não tem ainda uma edição na língua original, valeu ao turco Ahmet Altan o prémio para o romance estrangeiro. Lembra o jornal Le Monde que este jornalista e escritor de 71 anos que está actualmente proibido de deixar a Turquia foi condenado por ter participado no golpe de Estado falhado de 2016 e libertado em Abril último.

No agradecimento ao júri do Femina, feito através de uma carta lida pelo seu editor francês, Timour Muhidine, Ahmet Altan fez questão de dedicar o prémio a “todas as mulheres turcas e curdas que estão na prisão injustamente”.

Un étranger nommé Picasso (Fayard), obra construída em torno do facto de o pintor espanhol não ter cidadania francesa, fez com que Annie Cohen-Solal ultrapassasse a concorrência na categoria de ensaio.

A escritora portuguesa Isabela Figueiredo fez parte de uma shortlist de 16 autores nomeados para o Femina de romance estrangeiro com o livro Caderno de Memórias Coloniais, lançado em 2009 pela editora Angelus Novus e revisto e reeditado em 2015 pela Editorial Caminho. Em França, esta obra com raízes profundamente autobiográficas está no catálogo das Editions Chandeigne.

A escritora e jornalista Clara Dupont-Monod tem apenas um livro traduzido em Portugal — A Loucura do Rei Marco (Difel, 2002).

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