Presidente turco manda expulsar embaixadores de dez países, incluindo dos EUA

Erdogan quer declarar cada um como persona non grata por terem publicado uma declaração conjunta a pedir a libertação de Osman Kavala, detido por espionagem que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou em 2019 como “arbitrária”.

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Advogados e deputados da oposição junto ao Palácio de Justiça, em Maio, protestando contra o novo julgamento de Osman Kavala e 15 outros pelo seu papel no protesto de 2013 DILARA SENKAYA/Reuters

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, vai expulsar do país os embaixadores de dez países, incluindo Estados Unidos, França e Alemanha, por terem apoiado publicamente a libertação do empresário e activista Osman Kavala, preso e acusado de espionagem e tentativa de derrubar o Governo turco.

Segundo declarações de Erdogan ao diário Daily Sabah, citadas pela Europa Press, Erdogan solicitou ao chefe da sua diplomacia, Mevlut Cavusoglu, para declarar os dez embaixadores como persona non grata.

“Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros e disse-lhe: ‘Trate de imediato da declaração de cada um dos dez embaixadores como persona no grata’”, disse o Presidente turco. “O dia em que não conheçam nem entendam a Turquia, é altura de ir embora”, acrescentou.

Os embaixadores em causa são os Estados Unidos, França, Alemanha, Canadá, Finlândia, Países Baixos, Dinamarca, Nova Zelândia, Noruega e Suécia, que esta semana já foram convocados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros por causa da declaração pública pedindo a libertação do activista.

Kavala, que corre o risco de ser condenado a prisão perpétua, está detido desde 2017, em sequência dos grandes protestos de 2013 em Istambul. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou, em Dezembro de 2019, que se trata de uma “detenção arbitrária”, mas a Justiça turca manteve o activista na cadeia.

“Faz hoje quatro anos que Osman Kavala está detido. A continuação do seu caso lançou uma sombra sobre a democracia e o Estado de direito da Turquia”, refere o texto publicado na conta oficial do Twitter da Embaixada dos EUA na Turquia, na segunda-feira. “Tendo em conta as decisões do Tribunal Europeu de Direitos Humanos sobre o assunto, pedimos à Turquia que assegure a sua libertação urgente”, diz a declaração conjunta publicada no Twitter oficial 

Para o vice-presidente turco, Fuat Oktay, os referidos representantes diplomáticos, “apesar de estarem obrigados a respeitar a independência dos países onde servem, excederam os seus limites e exigiram que [os políticos] interfiram com o poder judicial”.

O empresário turco Osman Kavala foi absolvido no julgamento em que foi acusado de instigar os protestos do Parque Gezi de 2013, mas foi detido logo a seguir, sob a acusação de participar na tentativa de golpe de Estado em 2016.

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