Costa acredita ser possível governar em caso de chumbo do OE, mas respeita decisão do Presidente

Primeiro-ministro não considera “inevitável” ir para eleições se o Orçamento não for aprovado, mas diz que Marcelo “entendeu dizer” que essa “era a consequência que retiraria”.

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António Costa à chegada para a reunião da Comissão Política do PS LUSA/TIAGO PETINGA

O primeiro-ministro afirmou-se este sábado preparado para continuar a governar, mesmo se o Orçamento para 2022 chumbar, mas adiantou que respeitará se o Presidente da República tiver um entendimento diverso e convocar eleições antecipadas.

Esta posição foi transmitida por António Costa em conferência de imprensa, no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS, que começou na sexta-feira à noite.

Questionado se está preparado para ir a eleições na sequência de um eventual chumbo do Orçamento do Estado para 2022, o secretário-geral do PS começou por responder: “Se [os partidos] disserem que não, então eu estou preparado para cumprir os meus deveres para com o país, que é manter o país na trajectória de governação que tem vindo a ser prosseguida”.

“Se o senhor Presidente da República entender de uma forma diversa, eu respeitarei a decisão, e estou preparado para tudo. Agora, para já, para já, estou preparado para cumprir o meu dever. E o meu dever é continuar a governar e conduzir o país nestas águas que ainda são bastante turbulentas, e onde não convém introduzir factores de instabilidade, de incerteza que perturbem a recuperação económica e social”, completou.

Antes, interrogado se Janeiro ou Fevereiro será a pior altura para o PS ir a eleições, o líder socialista alegou que legislativas antecipadas “é um cenário” que nunca colocou em cima da mesa.

“O senhor Presidente da República, enfim, entendeu dizer que, se o Orçamento não fosse aprovado, era a consequência que retiraria. Essa preocupação não foi nem uma consequência que nós considerássemos inevitável, nem uma consequência em que nós estejamos a trabalhar”, afirmou.

António Costa reiterou que o seu Governo trabalha para ter um Orçamento viabilizado, porque “seria uma enorme perda para o país perder a oportunidade de ter um bom Orçamento”.

Costa assume que medidas em negociação vão reflectir-se no défice

Costa assumiu que as medidas em negociação para a viabilização do Orçamento do Estado para 2022 vão “reflectir-se seguramente” no défice do próximo ano, mas adiantou existirem novas previsões sobre crescimento.

No entanto, logo a seguir, o líder do executivo fez a seguinte ressalva: “Apesar de haver também novas previsões sobre o crescimento e isso também impactar no cálculo do défice”.

Costa reúne-se este sábado às 9h com o PCP e às 11h com o Bloco de Esquerda, tendo em vista procurar um acordo de viabilização do Orçamento do Estado para 2022.

“Creio que com este ponto da situação fica bastante claro que o PS e o Governo têm trabalhado de forma séria, rigorosa, construtiva, com todos os partidos com quem têm vindo a negociar o Orçamento, traduzindo-se o conjunto das medidas em avanços já muito significativos”, sustentou o líder socialista.

De acordo com António Costa, esses avanços “estão expressos quer no Estatuto do SNS, nas propostas de legislação laboral, no compromisso assumido para alterações na especialidade em domínios tão relevantes como as pensões, a fiscalidade, a melhoria dos serviços públicos e o financiamento das micro, pequenas e médias empresas”.