Rangel anuncia que é candidato à liderança do PSD
Eurodeputado defendeu, no conselho nacional, que o PSD precisa fazer uma “oposição mais firme” mas não precisa que seja aos “berros”.
O eurodeputado Paulo Rangel anunciou que é candidato à liderança do PSD nas eleições marcadas para 4 de Dezembro. O anúncio foi feito, como era esperado, no conselho nacional, e depois de uma maioria ter infligido uma derrota a Rui Rio ao chumbar o adiamento das eleições internas. O eurodeputado vai apresentar a sua candidatura esta sexta-feira, às 17h00, num hotel em Lisboa.
Paulo Rangel seria candidato independentemente dos “resultados das votações de hoje”, disse no seu discurso desta noite. Uma maioria de 70 conselheiros nacionais votou contra a proposta de Rui Rio de adiar as directas por causa da ameaça de crise política.
O eurodeputado assumiu ser candidato nas próximas eleições internas, dizendo-o “olhos nos olhos” a Rui Rio e com “toda a liberdade e lealdade”, numa referência implícita à acusação de “deslealdade” que lhe foi feita pelo vice-presidente David Justino.
No seu discurso na reunião que decorre à porta fechada, Rangel defendeu que o PSD tem de ser “mais agregador” e constituir um projecto de uma “oposição mais firme, mais dura”.
“Não é aos berros”, disse, respondendo à ideia de Rui Rio de que “o povo não vota em quem grita mais contra o Governo”. “Não podemos ser o partido da espera”, afirmou, condenando a estratégia de ficar “sentado no sofá à espera que o Governo caia” que atribui à direcção chefiada por Rio.
Até agora Rui Rio ainda não revelou se também vai disputar as eleições e tentar um terceiro mandato à frente do partido.
No final da reunião, que durou cinco horas, o líder social-democrata disse ter saído “muito preocupado” por causa do resultado da votação que chumbou a proposta de adiamento das directas por considerar que o partido ficou “fragilizado” por se colocar numa situação de risco numa eventual crise política. Rui Rio não quis comentar o anúncio da candidatura à liderança de Paulo Rangel nem fazer críticas ao eurodeputado, deixando em aberto sua decisão sobre se será candidato. Essa decisão será conhecida “brevemente”.
No entanto, admitiu que o chumbo da sua proposta para adiar as eleições internas pesará na sua decisão de se recandidatar. “É um parâmetro da equação (…). Agora vou fazer a equação, e depois vou ver: X1, X2 e depois vou tirar a média”, afirmou. Sobre eventuais vazios no partido em caso de demissão no Governo, o líder do PSD afastou essa ideia: “O presidente do PSD chama-se Rui Fernando da Silva Rio”. “Foi eleito e está lá até haver um Congresso em que tome posse outro. Ou o mesmo”, disse.
E, num tom bem disposto, despediu-se com um “adeus” aos jornalistas.