Ericeira volta a ser palco do surf mundial
Os melhores surfistas mundiais estão de regresso a Ribeira d’Ilhas, para a 2.ª etapa do Challenger Series, o MEO VISSLA PRO ERICEIRA. Em jogo estão as vagas para o World Tour do próximo ano.
No total serão 160 os atletas em prova em Ribeira d’Ilhas, na Ericeira, entre 2 e 10 de Outubro, durante o MEO VISSLA PRO ERICEIRA. Entre eles estão 9 portugueses. Esta é a segunda etapa do Challenger Series, competição composta por 4 etapas (a primeira terminou há uma semana na Califórnia) e que ditará as vagas para a qualificação para o Championship Tour (CT) do próximo ano. Apenas se qualificam 12 homens e 6 mulheres.
Entre os surfistas em competição está o único português actualmente entre a elite do surf mundial. Frederico Morais (Kikas), que terminou este ano no 10.º lugar do ranking mundial, alcançando o seu melhor resultado de sempre, compete este ano sem qualquer pressão para se qualificar. “Os últimos campeonatos oficiais que fiz aqui foi sempre à procura de resultados, de pontos, de me querer qualificar, e pela primeira vez, já estou qualificado para o próximo ano e posso surfar livremente. Mas isso não quer dizer que não queira fazer um bom resultado e brilhar em frente ao público português”, disse Kikas, que desde que terminou a época aproveitou para passar mais tempo em casa.
Ainda assim confessa: “Estive a ver o US Open e estive a roer-me em cada heat por não estar a competir. Já começo a ter saudades. Por isso sabe bem voltar à rotina, voltar a treinar e ainda mais aqui nesta etapa de Ribeira d’Ilhas de que gosto muito, e onde sempre me dei bem”, referiu o surfista do Guincho.
Nesta etapa, Kikas entrará no último heat do primeiro round, e terá a companhia do australiano Sheldon Simkus e do brasileiro Alejo Muniz. “Espero tirar um bom resultado, embora não tenha as expectativas muito altas. É um campeonato onde estão os melhores do mundo, mas é disto que eu gosto. Eu faço surf para poder competir contra eles e um dia chegar ao topo”, disse o jovem de apenas 18 anos Afonso Antunes.
Em prova estarão ainda mais dois portugueses, Vasco Ribeiro e Tomás Fernandes. Também Tomás é um dos wild-cards da prova. “Já não estou muito no mundo da competição, mas ter esta oportunidade de competir com os melhores do mundo na praia onde eu cresci é um orgulho e um prazer gigante”, referiu o surfista de 25 anos natural da Ericeira, que terá a companhia do havaiano Ian Gentil, do japonês Hiroto Ohhara e do campeão olímpico Ítalo Ferreira.
Quem também vai marcar presença na prova é Michel Bourez, surfista natural do Tahiti, Polinésia Francesa, que está actualmente na 28.ª posição do ranking. “O swell está a chegar e basicamente quem gostar de ondas maiores, de direitas, vai destacar-se aqui na Ericeira. Vai haver muitas ondas, e muito por onde escolher. Vamos ter em competição muitos surfistas que serão o futuro do surf mundial, e é um prazer estar aqui e surfar com eles. E espero, claro, terminar no top que dá acesso à qualificação”, disse o experiente surfista de 35 anos que se qualificou para a elite do surf mundial pela primeira vez em 2008.
“A última vez que participei numa prova aqui na Ericeira já foi no Pro júnior, há muito tempo [risos], mas adoro vir aqui. Sabemos que há sempre ondas. As ondas são incríveis e se perguntarmos aos locais sabemos sempre onde ir”, avançou ainda Michel para quem este não tem sido um ano fácil. Além do Covid 19, o taitiano sofreu uma lesão no pescoço em Junho, durante os ISA World Surfing Games e aguarda agora a decisão da WSL sobre um possível “INJURY Card”, ou seja, um wild-card atribuído para a época seguinte devido a uma lesão. Todos os anos, a WSL seleciona 3 surfistas que se lesionaram na temporada anterior, e dá-lhes a oportunidade de competir na época seguinte.
No feminino, a etapa vai contar com 64 surfistas. A melhor classificada no ranking CT a marcar presença na Ericeira é a australiana Keely Andrew. “É a segunda vez que participo numa prova na Ericeira. Participei no Mundial de Juniores em 2014 e todos os anos que venho a Portugal para o CT passo por aqui. É tão bonito, as pessoas são tão simpáticas, a comida é óptima”, disse a surfista de 26 anos que está actualmente na 11.ª posição do ranking e que, para se qualificar, tem de terminar no top 6. “As ondas parecem estar ótimas, estou muito entusiasmada”, concluiu.
Também a portuguesa Teresa Bonvalot vai participar no Challenger Series, e continua em busca de um sonho: o de se qualificar para o CT, num ano em que teve a sua primeira vitória numa prova de qualificação. “Sabe tão bem competir em casa. A previsão está muito boa, mais uma vez Portugal surge a dar o seu melhor. Sobre o Challenger Series: o objectivo continua o mesmo, é juntar-me ao Kikas no CT. Tem sido um sonho sempre”, disse a jovem surfista de Cascais.
A prova feminina vai contar ainda com a presença da wild-card Mafalda Lopes. “Não estou com expectativas muito elevadas. No meu heat vou logo com uma atleta do CT, a Brisa Hennessy. São atletas com muita experiência. E é provavelmente o campeonato com a concorrência mais elevada em que já estive, portanto só quero mostrar o meu surf e não desiludir os portugueses”, referiu a jovem surfista que este ano alcançou um 2.º lugar no Estrella Galicia Caparica Surf Fest, mundial de qualificação que decorreu na Costa de Caparica.
Também em prova estarão a recém-campeã nacional Francisca Veselko, Yolanda Hopkins, que esteve este ano em destaque ao fazer um 5.º lugar nos Jogos Olímpicos e ainda Carolina Mendes.
A chamada para o MEO Vissla Pro Ericeira está agendada para dia 2 de Outubro, às 7h30, para avaliação das condições.