Municípios apanhados de surpresa. ANMP vai analisar uso de centros de vacinação anticovid para a vacinação contra a gripe

Vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses considera que cabe ao Ministério da Saúde capacitar-se e estruturar-se para garantir a vacinação daqui em diante, garantindo assim que os recintos onde estão os centros de vacinação regressem à normalidade.

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Ribau Esteves considera que "as campanhas de vacinação foram feitas sempre nas estruturas do ministério e é aí que devem continuar a ser feitas" Tiago Lopes

O vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) considera que é tempo de deixar que os espaços que têm servido de centros de vacinação contra a covid-19 “regressem à actividade normal”.

Em reacção à decisão de aproveitar os actuais centros de vacinação contra a covid-19 para a vacinação contra a gripe, confirmada ao PÚBLICO pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, Ribau Esteves disse este sábado que, tendo em conta o avanço de Portugal para a terceira fase de desconfinamento e a procura pela normalidade, “faz todo o sentido que sejam as estruturas do Ministério da Saúde que voltem a ser usadas para a vacinação”. O PÚBLICO questionou o ministério mas não obteve resposta até ao momento. 

Salientando que ainda “ninguém responsável” – seja do Governo, do Ministério da Saúde ou da task force de coordenação da vacinação – falou sobre a medida com a Câmara de Aveiro, que preside, ou com a ANMP, o dirigente desta associação disse ao PÚBLICO que espera que o assunto seja tratado “no quadro da normal cooperação institucional entre entidades do Estado”. Aguarda, por isso, que o Governo converse com as autarquias depois das eleições para que seja definido o rumo a seguir, garantindo que vai levar o tema ao Conselho Directivo da ANMP, que se reúne na terça-feira em Coimbra, isto caso o Governo não faça “nenhuma diligência”.

“Nesta matéria, é importante que trabalhemos em equipa com o Governo – como sempre o fizemos – no quadro do combate excepcional à situação covid-19, e enquanto for necessário. Mas naquilo que é o regresso à normalidade, o próprio Ministério da Saúde precisa de regressar à normalidade”, refere Ribau Esteves, que considera que as unidades de saúde locais também têm de ver os profissionais de saúde a regressar às suas tarefas, sem estarem alocados a centros de vacinação que nesta fase “estão a vacinar muito pouco”.

“É também a esse nível da rentabilidade dos recursos humanos que a tal lógica do regresso à normalidade tem de ser praticada”, explica. O presidente da Câmara de Aveiro justifica também esta retoma dos procedimentos normais com o facto de os centros de vacinação em “muitíssimos municípios” estarem montados em espaços das câmaras, com custos para as autarquias que não diminuem com o menor número de inoculações.

“O nosso CVC [Centro de Vacinação Covid-19], que esteve muitos meses a funcionar de manhã e de tarde, sete dias por semana, neste momento está a funcionar duas manhãs por semana. No entanto, os recursos que lhe estão afectos são os mesmos – comunicações, aluguer de boxes de vacinação, mobiliário, etc. Tudo isso é pago ao mês, e estando lá pessoas ou não são despesas”, diz.

Acresce ainda a impossibilidade de ceder instalações para outros eventos. No caso de Aveiro, o CVC é no Parque de Feiras e Exposições, um espaço que é “um instrumento importantíssimo de eventos que se realizam ao longo do ano”.

“Desde que chegou a covid, deixou de ser de utilização permanente porque acabaram com todos os eventos. Mas, à medida que vamos regressando à normalidade, obviamente que o parque de exposições de Aveiro e muitos pavilhões desportivos por esse país fora também têm de regressar à normalidade, e nós precisamos deles para esse regresso”, continua. De acordo com Ribau Esteves, este CVC de Aveiro tem um custo mensal de seis mil euros que se repartem em recursos humanos da autarquia, aluguer de mobiliário e equipamentos.

Confirmando-se a administração da terceira dose da vacina contra a covid-19 a maiores de 65 anos, o vice-almirante avançou esta sexta-feira que a ideia é ter os mesmos centros a administrar as duas vacinas “numa organização que pode ser numa base diária ou semanal, ou até com duas áreas diferentes”.

Ribau Esteves sublinha que aquilo que tem sido uma situação “excepcional” no combate à covid-19 e na vacinação “tem tido e vai ter, até ao limite da necessidade, a cooperação dos municípios”, mas considera que “o país tem de estar preparado” depois do contexto anormal a que esteve sujeito.

“O país tem de estar preparado para dar a terceira dose, dar a terceira, a quarta, a quinta, se for preciso... Temos de estar preparados. E quem tem de estar preparado são as estruturas da entidade do Estado português que trata destas matérias: o Ministério da Saúde, o Serviço Nacional de Saúde. No regresso à normalidade é a entidade do Estado que tem estas responsabilidades que tem de se capacitar e estruturar.”

Assim, e passada a fase em que era necessário um ritmo acelerado de doses administradas diariamente, a vacinação “deve ser feita nos locais normais – nas estruturas dos ministérios da Saúde, em regra nos centros de saúde, nas unidades de saúde familiar. Como sempre foi feito. As campanhas de vacinação foram feitas sempre nas estruturas do ministério e é aí que devem continuar a ser feitas”. Com Sofia Neves

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