Medina diz que a direita quer usar Lisboa para se desforrar das legislativas
Num comício com sete discursos e duas ovações de pé, Carlos Moedas foi o visado preferido de todos quantos falaram. Marta Temido, Duarte Cordeiro e Rui Tavares fizeram apelo ao voto útil.
A campanha eleitoral ainda vai a meio e na caravana de Fernando Medina já se fazem balanços. O candidato socialista diz que são evidentes as diferenças entre si e Carlos Moedas: “O que a direita procura não é servir Lisboa. O que a direita ambiciona é procurar uma segunda volta daquilo que perdeu nas legislativas.”
Uma semana depois de o social-democrata ter arrancado a sua campanha com um comício concorrido no Teatro da Trindade, Medina reuniu as tropas numa Aula Magna cheia de gente arregimentada em todas as freguesias, que cantarolava os nomes dos candidatos às juntas como se de marchas populares se tratasse. A música era em tom bem mais épico: Nessun Dorma para abrir e, no fim, aquela com que termina a comédia romântica O Amor Acontece.
Mas na plateia estavam também Marta Temido, que discursou, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o histórico socialista Vieira da Silva, assim como várias figuras da vida artística nacional. E foi pela ministra da Saúde que a sala se levantou primeiro, numa grande ovação pedida por Duarte Cordeiro, secretário de Estado e presidente da Federação de Lisboa do PS.
A segunda grande ovação da noite seria dedicada a Jorge Sampaio, quando Rui Tavares – que integra as listas de Medina – fez um apelo ao voto na coligação PS/Livre. Lembrando o exemplo do ex-Presidente da República, que enquanto autarca fez um acordo inédito com o PCP, Tavares disse que “perder de vista a convergência sai caro” e acenou com fantasmas do passado. “Perdeu-se a convergência e isso deu um Pedro Santana Lopes”, disse.
Já antes Duarte Cordeiro dramatizara no apelo ao voto útil. “Não há que ter receio em concentrar votos e força. Vale a pena concentrar a força e os votos na coligação Mais Lisboa. Os votos nesta coligação não vão permitir o exercício absoluto do poder”, prometeu.
Num comício que teve sete discursos e mais de duas horas em que se falou sobretudo para os “já convencidos” que estavam na sala, como o próprio Medina admitiu, Carlos Moedas – nomeado apenas uma vez – foi o grande alvo.
Marta Temido colou-se às palavras que o candidato já usara para dizer que as propostas de um plano de saúde para os idosos, apresentadas pelo candidato do PSD, “são pensos rápidos, são engodos, algo que não serve os cidadãos”. Pedro Anastácio, líder da JS local, acusou a coligação Novos Tempos de representar uma “sociedade individual, egoísta, construída para privilégio de um grupo por oposição a um espaço para todos”.
E Fernando Medina também entrou logo ao ataque, puxando pelo apoio que a presidente da Comunidade Autónoma de Madrid, Isabel Díaz Ayuso (PP), deu ao seu principal opositor. “Trouxeram para a campanha eleitoral a presidente da comunidade autónoma de um país estrangeiro com a mensagem ‘Liberdade ou socialismo’. Ficou tudo dito.”
Se a direita acalenta o sonho de conquistar Lisboa para conquistar o país, como disse Moedas há uma semana, Medina contrapôs que um presidente da câmara “não pode ser um líder da oposição” e “tem de continuar a ser o primeiro defensor de todos os lisboetas.”
Para a esquerda, o actual autarca dedicou apenas uma frase, e para acusar CDU e BE de terem um “preconceito ideológico” com o modelo de habitação de renda acessível que envolve os privados.