Santander mantém despedimento de 210 trabalhadores e sindicatos marcam greve
Seis sindicatos juntam-se na marcação de um dia de greve a 1 de Outubro no BCP e no Santander. Tal como o BCP, banco espanhol mantém recurso ao despedimento colectivo.
A última tentativa de seis sindicatos para travar o recurso a despedimento colectivo de trabalhadores do Banco Santander Totta não teve os resultados esperados. A instituição manteve a decisão de despedir os 210 trabalhadores que não aceitaram as propostas de rescisão por mútuo acordo ou a passagem à reforma. Em resposta, os sindicatos avançam para um dia de greve no Santander, a 1 de Outubro, o mesmo dia fixado também para o BCP.
A reunião de seis sindicatos, realizada na tarde desta quinta-feira, terminou da mesma forma que o encontro com a administração do BCP, na última sexta-feira, na qual este banco manteve a decisão de avançar para o despedimento colectivo de 62 trabalhadores.
Será a primeira vez que um número tão elevado de sindicatos do sector, seis num total de sete (o sétimo apenas representa trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos, mas diz estar solidário com os restantes) vai avançar para a greve, em protesto contra os maiores despedimentos colectivos na banca, não associados a processos de reestruturação impostos por dificuldades financeiras.
“Na sequência da reunião [desta quinta-feira] dos seis Sindicatos – o SBN, o SIB, o SBC, o SinTAF, o SNQTB e o Mais Sindicato – com a Comissão Executiva do Banco Santander Totta, que mais uma vez demonstrou uma total insensibilidade perante trabalhadores que durante anos deram o seu melhor à instituição, e mantendo-se irredutível em avançar com o despedimento colectivo de cerca de 210 bancários, não resta outra opção a estes Sindicatos que não seja a greve”, adiantam as estruturas sindicais em comunicado conjunto.
“Apesar de tudo terem feito para evitar este desenlace, nunca se furtando ao diálogo e à negociação, apresentando soluções alternativas em cada momento, tanto no BCP como no Santander, não foi possível vencer a intransigência das administrações – e mesmo depois de terem já reduzido cerca de dois mil postos de trabalho”, destacam.
A partir de agora são as comissões de trabalhadores quem têm competência legal atribuída para participar na fase actual do processo, devendo todas as questões ser-lhes dirigidas, lembram os sindicatos, garantindo, no entanto, “que estão preparados para intervir, assim e se o processo avançar”. E fazem ainda um apelo aos associados para remeterem aos respectivos serviços jurídicos todas as formulações que forem enviadas às comissões de trabalhadores, “para que possam estar munidos dos elementos essenciais ao cabal conhecimento do processo”.
Os sindicatos apelam ainda à mobilização para a greve marcada para as duas instituições.
Recorde-se que, no Santander, a redução de trabalhadores prevista no actual processo ascendia a 685, dos quais perto de um terso não aceitou a proposta do banco. No caso deste banco, o total de saídas ao longo do corrente ano superará um milhar de colaboradores.
No caso do BCP, de um universo entre 800 a 100 postos de trabalho a suprimir, 62 não aceitaram a proposta de saída.
Processo pacífico em Espanha
A UGT e os seus três sindicatos bancários associados, o Mais Sindicato, o SBC e o SBN, garantiram esta quarta-feira que “a redução do número de trabalhadores está a ser realizada de forma radicalmente diferente nos dois países – quer em termos de dimensão, quer de processos”.
Em comunicado divulgado após uma reunião promovido pela UGT com a congénere espanhola, é referido que “Em Espanha, o Santander negoceia soluções com os Sindicatos, preservando a paz social: ou seja, por acordo com os trabalhadores e em condições claramente mais vantajosas”. E que a redução de efectivos, em 2021, é de cerca de 15% do total de trabalhadores. “Pelo contrário, em Portugal o Banco Santander Totta ameaça com despedimento colectivo os trabalhadores que não aceitam a proposta de rescisão por mútuo acordo”, e, mesmo período, “a diminuição de efectivos ronda os 25% da força de trabalho”.
Os bancos Santander e BCP tem apresentado lucros, mas ainda assim justificam a necessidade de redução da estrutura com a maior digitalização da actividade bancária, mas também por outros condicionalismos, como os custos decorrentes das taxas de juro negativas numa parte dos créditos em stock.
Os bancos a operar em Portugal tinham no final do ano passado menos 2066 trabalhadores e 655 balcões do que em 2019, atingindo no ano passado o número de agências mais baixo desde 1996 e o menor número de funcionários pelo menos desde 1992, revelam dados do banco de Portugal.