Odd, café do mundo torrado na Madeira

Começou por quase queimar a casa onde instalou o primeiro torrador. Hoje, Gonçalo Gouveia tem três espaços de restauração e faz a torra de todo o café que neles serve.

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O Land, um dos três espaços onde se pode provar o café de especialidade de Gonçalo Gouveia dr

Um dia, Gonçalo Gouveia notou que o café que servia no seu pequeno quiosque no Funchal “era distinto”. Não sabia exactamente porquê, mas achou que a explicação podia estar na qualidade da água. E foi esse o início de uma aventura que transformou o café em algo central na vida deste avaliador imobiliário madeirense que hoje já tem três espaços de restauração e passou a fazer a torra do café que neles serve.

Encontramo-nos no Greenhouse Coffee Roaster, à entrada do Jardim Tropical Monte Palace, no Caminho do Monte, e é aí que Gonçalo nos conta como o fascínio foi crescendo e como o seu conhecimento do universo do café foi evoluindo desde esse início em que quase “ia queimando a casa” onde instalou o torrador. Agora tem um armazém dedicado apenas à torra e, depois do Local Shop, o tal quiosque inicial, passou a explorar o Greenhouse e, mais recentemente, o Land, a dois passos do Jardim Monte Palace e ao lado do teleférico que nos transporta até à parte alta do Funchal.

“Compramos o café verde e torramos. No processo de torra não há fórmulas mágicas — é por tentativa e erro. Ainda estou numa fase inicial do negócio, mas gosto de arriscar e de mandar vir cafés de zonas que nunca experimentei”, afirma. E, para juntar a isso, a Madeira oferece um desafio particular. “As alterações de clima ao longo do dia obrigam a fazer ajustes constantes. A humidade tem uma influência brutal na torra. Num dia com muita humidade, o comportamento do torrador vai ser completamente diferente.”

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O Greenhouse fica no Jardim Monte Palace dr

Depois há a extracção, claro. “Posso ter um café extremamente bem torrado, mas se a extracção for mal feita, estraga tudo.” Chegamos finalmente à água. E faz realmente a diferença? Não tem dúvidas. “O café é 98% água, a qualidade é fundamental. Aqui temos água da nascente que vem da levada dos Socorridos.”

Mas o sonho de Gonçalo vai ainda mais longe: “Quero tentar produzir café aqui na ilha. Já fiz experiências com alguns pés.” Sabe que será sempre uma produção pequena, mas acredita que tem todas as condições para a fazer, tendo o cuidado de evitar zonas de demasiada altitude, para não matar as plantas. “O lado Norte da ilha é mais interessante, tem mais humidade, chuva, temperaturas altas.” Além disso, pensa um dia vir especializar os seus espaços, servindo num cafés só da Ásia, no outro só da América Latina e no outro, os de África. 

Para além do café, Gonçalo está a começar a trabalhar mais em profundidade outros produtos. No Land fazem o próprio pão, com massa mãe, e também o pastrami, a cavala fumada, além dos bolos caseiros que tem nos seus três espaços, onde se podem comer refeições ligeiras (o Land tem um Josper para os grelhados) e, claro, beber ou levar para casa o café Odd, chegado de vários pontos do mundo e torrado na Madeira. 

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