Daniil Medvedev fez a sua própria história no US Open

O russo, que impediu o número um do ranking de completar o Grand Slam, é o segundo tenista nascido nos anos 90 a conquistar um major em singulares masculinos.

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Dizer que Daniil Medvedev é apenas o segundo tenista fora do Big 3 (Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer) a derrotar um desses três campeões numa final do Grand Slam traduz a magnitude do feito do russo de 25 anos. Com uma exibição a roçar a perfeição, em especial, no serviço, Medvedev derrotou o líder do ranking mundial, Novak Djokovic, por 6-4, 6-4 e 6-4, e conquistou, no US Open, o primeiro major da carreira.

“Nunca disse isso a ninguém mas digo-o agora: tu és o melhor tenista da história”, elogiou Medvedev, depois de duas horas e 15 minutos de muitas emoções, num Arthur Ashe Stadium ao rubro. O número dois do ranking ganhou 80% dos pontos disputados com o primeiro serviço, assinou 16 ases, anulou os cinco break-points que enfrentou no segundo set e perdeu o serviço somente uma vez, já na parte final.

Djokovic acusou a importância do momento e surgiu no court muito contraído. Cansaço mental, mas também físico; nas meias-finais, derrotou Alexander Zverev, num encontro de cinco sets, em que 52 pontos duraram mais de oito pancadas. E nem se pode queixar do público nova-iorquino, que o apoiou ruidosamente nos seus esforços para nivelar o encontro.

Medvedev ganhou o primeiro set graças a um break logo de entrada e conservou a vantagem, cedendo somente três pontos nos cinco jogos em que serviu. As estatísticas jogavam a favor do número dois mundial: nunca perdeu um encontro no Grand Slam depois de ganhar o set inicial (31 no total).

Djokovic entrou no segundo set com intenções de inverter a situação e dispôs de três break-points, mas o russo teve a capacidade de recuperar de 0-40. Dois jogos mais tarde, o sérvio não aproveitou mais dois break-points e, após um erro a responder ao serviço, “explodiu” e destruiu a raqueta no chão. Mas o golpe infligido por Medvedev foi mais fundo e, no jogo seguinte, o número um do ranking somou mais erros e sofreu o break.

Os primeiros pontos do terceiro parcial mostraram um Djokovic ainda pronto para discutir o encontro, mas a irregularidade manteve-se e cedeu logo o serviço. A posição do sérvio mais perigosa ficou quando cedeu novamente o serviço, depois de desperdiçar um game-point. A descrença dos adeptos em ver um encontro mais equilibrado foi traduzida pelo silêncio.

O público voltou a ouvir-se quando Djokovic reduziu para 1-4 com um jogo em branco. A única vez que Medvedev saiu da sua bolha foi quando dispôs de um match-point e quis calar o público com um ás, cometendo uma dupla-falta. E mais outra e mais outro erro e, finalmente, Djokovic obteve o primeiro break no encontro.

Após reduzir para 4-5, o sérvio sorriu e interagiu com os adeptos, de pé, a ovacioná-lo, e as lágrimas apareceram.

Na segunda oportunidade para fechar o encontro, Medvedev não pôde contar com a sua principal arma, mas mesmo assim foi buscar, do fundo do court, dois match-points. Desperdiçou o primeiro com uma dupla-falta até que o primeiro serviço reapareceu para lhe dar o primeiro título do Grand Slam.

O tenista nascido em 1996 é o primeiro russo a ganhar um torneio do Grand Slam desde Marat Safin, em 2000, e o segundo tenista nascido nos anos 90 a conquistar um major em singulares masculinos, depois de Dominic Thiem, campeão precisamente nos EUA, no ano passado.

Djokovic esteve muito perto de ser o primeiro tenista desde 1969 a conquistar o Grand Slam (vencer os quatro maiores torneios no mesmo ano) e a somar um 21.º título em majors e foi com lágrimas nos olhos que recebeu o troféu de vice-campeão. A última vez que o sérvio perdeu um encontro à melhor de cinco sets sem ganhar uma partida tinha sido em 2010, frente a Tomas Berdych, em Wimbledon.

“Apesar de ter perdido o encontro, o meu coração está preenchido com alegria e sou o homem mais feliz do mundo porque fizeram-me sentir muito especial no court. Nunca me tinha sentido assim em Nova Iorque, sinceramente”, agradeceu Djokovic, dirigindo-se ao público, com lágrimas nos olhos.

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