Novo ministro do Interior afegão está na lista de terroristas do FBI

Sirajuddin Haqqani, líder da temida rede Haqqani, incluído no Governo interino, anunciado esta terça-feira, que será liderado pelo mullah Mohammad Hasan Akhund.

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A imagem de Sirajuddin Haqqani na lista de terroristas mais procurados do FBI Reuters/FBI
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Zabihullah Mujahid, porta-voz dos taliban Reuters/STRINGER
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Manifestação de protesto em Cabul foi reprimida pelos taliban Reuters/STRINGER

Os taliban anunciaram esta terça-feira um Governo interino para o Afeganistão, que será liderado pelo mullah Mohammad Hasan Akhund, um dos fundadores do grupo fundamentalista islâmico.

O anúncio foi feito em Cabul pelo porta-voz, Zabihullah Mujahid, que indicou também que o vice primeiro-ministro será Abdul Ghani Baradar, o líder político dos taliban, apontado pelos analistas como o provável futuro Presidente do Afeganistão. O mullah Abdul Salam Hanafi será outro dos adjuntos de Hassan Akhund, que foi vice primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros durante o primeiro governo dos taliban, entre 1996 e 2001.

Em conferência de imprensa, Mujahid revelou ainda o nome de alguns dos ministros e de outros membros do Governo interino, dos quais se destaca Sirajuddin Haqqani, actual líder da rede Haqqanicujos vínculos estreitos com a Al-Qaeda levaram a que fosse classificada pelos EUA como uma organização terrorista, e que foi encarregada de garantir a segurança em Cabul após a entrada dos taliban na capital afegã, a 15 de Agosto. Haqqani integra, aliás, a lista dos terroristas mais procurados pelo FBI.

“Sabemos que o povo do Afeganistão estava à espera de um novo governo”, disse o porta-voz dos taliban, indicando que o ministro da Defesa em funções será o mullah Mohammad Yaqoob, filho do mullah Omar, líder do movimento entre 1996 e 2001, enquanto que a pasta dos Negócios Estrangeiros fica interinamente entregue a Amir Khan Muttaqi, um dos negociadores dos taliban nas conversações de Doha, no Qatar. O titular da pasta das Finanças é, para já, Hedayatullah Badri.

O anúncio da formação do novo governo interino acontece um dia depois de os taliban terem declarado a conquista do Vale de Panshir, a nordeste de Cabul, a última província afegã que resistia ao grupo fundamentalista islâmico, três semanas depois de terem conquistado a capital e uma semana depois da retirada das tropas estrangeiras.

Questionado pela BBC sobre a ausência de mulheres no novo executivo, Ahmadullah Wasiq, membro da Comissão Cultural dos taliban, afirmou que a composição do Governo, cujo anúncio foi sendo sucessivamente adiado, ainda não está finalizada. Na conferência de imprensa, o porta-voz Zabihullah Mujahid anunciou 33 nomes para o “novo governo islâmico” e disse que os restantes membros serão anunciados após “cuidadosa deliberação”. 

Não ficou claro, para já, o papel a desempenhar pelo mullah Haibatullah Akhundzada, o líder supremo dos taliban, que ainda não foi visto em público desde o colapso do Governo apoiado pelo Ocidente e da tomada de Cabul no mês passado.​ 

Nas últimas semanas, os taliban têm tentado assegurar os afegãos e a comunidade internacional que não tencionam repetir a repressão exercida durante o seu primeiro governo, há duas décadas, marcado por punições brutais e pela exclusão de mulheres da vida pública.

Apesar das promessas, os novos líderes do Afeganistão não parecem dispostos a tolerar qualquer tipo de contestação. Nesta terça-feira, horas antes do anúncio do novo governo interino, uma manifestação de protesto em Cabul foi dispersada com tiros para o ar. 

Centenas de afegãos desfilaram em pelo menos dois bairros de Cabul, denunciando a a violenta repressão no Vale de Panshir e a ingerência do vizinho Paquistão, acusado de pretender controlar o país através dos taliban, seus tradicionais aliados.

Os manifestantes, entre os quais estavam muitas mulheres, gritaram palavras de ordem como “longa vida à resistência” e “morte ao Paquistão”. Diversos jornalistas que seguiam as manifestações terão sido detidos, insultados ou viram o seu material confiscado pelas forças de segurança do grupo fundamentalista.

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