Van de Zandschulp é visita inesperada nos “quartos” do US Open
Teenagers Carlos Alcaraz e Leylah Fernandez continuam também a surpreender no último torneio do Grand Slam do ano.
Carlos Alcaraz e Leylah Fernandez continuam imparáveis no US Open. Os dois teenagers estão a confirmar de forma acelerada as expectativas que vinham criando nos últimos meses e ambos vão estrear-se nos quartos-de-final de um torneio do Grand Slam. Mas quem é Botic van de Zandschulp, outro dos oito derradeiros candidatos ao título e que já contabiliza sete encontros ganhos em Nova Iorque?
Van de Zandschulp nasceu há 25 anos em Wageningen, cidade de 38 mil habitantes, localizada no centro dos Países Baixos e famosa pela sua universidade. Até este ano só tinha competido nos circuitos secundários, onde conquistou sete títulos, incluindo um challenger em 2019. Mas em Janeiro, então 159.º do ranking, aproveitou a oportunidade de estrear-se no ATP Tour, chegando aos quartos-de-final em Melbourne. Embalado, passou o qualifying do Open da Austrália, onde perdeu na estreia no quadro final com Alcaraz.
Em Maio, passou pelo Jamor, onde perdeu (6-3, 6-2) na segunda ronda do Oeiras 3, com Pedro Sousa, antes de ir para Paris, onde passou o qualifying e uma ronda do quadro principal de Roland Garros – com a sua maior vitória até então, diante de Hubert Hurkacz (20.º). Em Wimbledon voltou a repetir a proeza, antes de voltar ao Challenger Tour, para disputar cinco torneios em terra batida, em cinco semanas consecutivas e em cinco países diferentes, tendo como balanço uma final, três meias-finais e um quarto-de-final.
Foi essa confiança acumulada no Verão e o trabalho com o treinador Michiel Schapers – ex-jogador temível pelo seu serviço, 25.º do ranking em 1988 e agora ao serviço da federação holandesa – que empurrou Van de Zandschulp pela fase de qualificação, na qual venceu todos os três encontros depois de perder o set inicial. No quadro principal, a positividade do jogador permitiu-lhe recuperar de 0-2 em sets na eliminatória inaugural e de ceder a primeira partida, nas duas rondas seguintes.
Van de Zandschulp (117.º) mistura um ténis fácil e uma movimentação surpreendente para um tenista de 1,91m de altura com uma atitude imperturbável, descontraída, sem mostrar grandes emoções para além de um pontual cerrar do punho, e sem se deixar impressionar com os grandes palcos ou com adversários da categoria de um Diego Schwartzman (14.º), a quem venceu, por 6-3, 6-4, 5-7, 5-7 e 6-1, após desperdiçar dois match-points no final do quarto set.
“Fiquei surpreendido por ganhar o primeiro set pela primeira vez aqui. Joguei bem até 4-2 no terceiro e a partir daí comecei a pensar que podia ganhar o encontro, fiquei um pouco nervoso. Mas penso que, no quinto set, joguei o meu melhor ténis; fui agressivo e, no fim, acho que mereci vencer”, afirmou Van de Zandschulp, que já garantiu 425 mil dólares – mas cem mil do que o total amealhado este ano até ao US Open.
O sucessor de Sjeng Schalken – o último jogador dos Países Baixos a chegar aos quartos-de-final do US Open, em 2003 – já leva 17 encontros ganhos este ano em majors (qualifyings incluídos) tantos quanto o seu próximo adversário, Daniil Medvedev (2.º), o principal favorito da parte inferior do quadro a estar na final.
Carlos Alcaraz (55.º) é o mais jovem quarto-finalista no Grand Slam desde Michael Chang, no torneio de Roland Garros de 1990; no US Open, é preciso recuar ao brasileiro Thomaz Koch e a 1963, quando só os tenistas amadores podiam participar nos torneios do Grand Slam. Nos quartos, o espanhol de 18 anos vai defrontar Felix Auger-Aliassime (15.º).
Leylah Fernandez (73.ª), que nesta segunda-feira celebra 19 anos, deu a si própria um enorme presente na noite de domingo. 48 horas depois de eliminar Naomi Osaka, a canadiana derrotou a campeã do US Open de 2016, Angelique Kerber (17.ª), por 4-6, 7-6 (7/5) e 6-2, e vai agora defrontar Elina Svitolina (5.ª). A outra semifinalista sairá do duelo entre Aryna Sabalenka (2.ª) e Barbora Krejcikova (9.ª).