Em Mértola, a charmosa, de olhos postos nas aves, no céu e na terra
Aves de todos os tamanhos e feitios, o lince-ibérico, uma vila que se redescobre permanentemente a cada nova expedição arqueológica e um rio plácido para relaxar. Mértola é um encanto e conta agora com um projecto que quer pôr o turismo a contribuir directamente para a conservação da natureza.
Para João Jara, aquele exercício deve ser um bocado frustrante, embora ele encare todo o processo com descontracção. No meio da paisagem rural do Baixo Alentejo, bem perto de Mértola, ele aponta para os vultos negros de aves que rodopiam muitos metros acima da nossa cabeça e entusiasma-se com a presença de um abutre-preto entre um grupo de grifos. Há algo na forma das asas, no modo de voar, e no seu olhar experiente que o fazem distinguir perfeitamente aquela ave das outras, enquanto aqueles que o acompanham olham e não distinguem seja o que for. “Não vêem? É aquele ali”, vai repetindo. E recebe sorrisos amarelados, mas nada de mentiras. Não distinguimos um dos outros, de tão longe que estão. Mas isso vai mudar dali a pouco, quando a distância com o grupo de aves necrófagas for consideravelmente encurtado e tudo se tornar, subitamente, claro, até para o mais inexperiente observador de aves.
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