Bombista suicida mata duas crianças em ataque contra chineses no Paquistão

Protestos contra a presença chinesa na cidade portuária de Gwadar têm vindo a subir de tom. Cidade foi bloqueada pelos manifestantes.

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Pescadores de Gwadar dizem que as traineiras chinesas pescam ilegalmente e levam o peixe para a China Reuters/STRINGER/PAKISTAN

As ruas de Gwadar, uma cidade costeira da província paquistanesa do Baluchistão, foram cortadas este sábado por manifestantes que exigem o acesso a electricidade e água e que protestam contra a pesca ilegal que é feita por chineses na sua costa. Na sexta-feira, um bombista suicida matou duas crianças num ataque contra o automóvel de uma família chinesa que seguia em direcção ao porto.

“O bombista suicida conseguiu atingir o último carro da coluna que estava a passar”, disse um alto funcionário paquistanês citado pelo jornal britânico Guardian​Um engenheiro, também chinês, ficou ferido no mesmo ataque.

O atentado foi reivindicado pelo Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) que, tal como outros grupos na região, acusam os chineses de estarem a explorar os recursos naturais da província.

O BLA já antes tinha atacado pessoas e alvos chineses, incluindo o consulado da China em Carachi. O atentado à bomba contra um hotel em Quetta, em Abril, que tinha como alvo o embaixador chinês, também terá sido executado pelo BLA.

Segundo o diário britânico, este nível de violência tem vindo a subir à velocidade dos investimentos chineses ligados à Nova Rota da Seda, criada pelo Governo chinês para estender a influência de Pequim através de investimentos multimilionários ao longo da antiga Rota da Seda.

Em Gwadar, pescadores e outros trabalhadores queimaram pneus, cantaram palavras de ordem contra a China e praticamente bloquearam a cidade. Dois manifestantes ficaram feridos em confrontos com a polícia.

“Há mais de um mês que estamos a protestar e a manifestar-nos contra as traineiras chinesas, e contra a falta de água e de electricidade. O Governo nunca deu atenção às nossas exigências. Tivemos de fazer uma greve e fomos atacados pela administração distrital”, disseao mesmo jornal Faiz Nigori, um sindicalista local.

O porto de Gwadar é um ponto essencial do projecto do Corredor Económico China-Paquistão, em que a China já investiu milhares de milhões de dólares em projectos de infra-estruturas.

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