Rui Moreira defende que Queimódromo deve continuar a funcionar como centro de vacinação
Autarca considera que problema com a refrigeração deve ser averiguado e, ajustado o protocolo, que o espaço volte a funcionar para vacinar a população sub-16. PS acusa-o de
O Presidente da Câmara do Porto defendeu esta quinta-feira que o centro de vacinação do Queimódromo seja reaberto, assim que se identifique o problema ali ocorrido com a refrigeração e a consequente gestão do problema pelas entidades envolvidas, a ARS-Norte e o grupo Unilabs. Rui Moreira remeteu essa decisão para o Ministério da Saúde e para a Task-force que dirige todo o processo de administração das vacinas contra a covid-19, mas considerou que nesta fase em que se vai vacinar a população sub-16, e em que os interessados terão de deslocar-se aos centros acompanhados por um adulto, a existência deste centro vai ser “ainda mais urgente e necessária”.
Em conferência de imprensa, ao final da tarde desta quinta-feira, Rui Moreira não desvalorizou o problema no sistema de refrigeração que, passados dez dias, ainda está a ser averiguado pelas entidades envolvidas. Mas lembrou que ele não é inédito e que a acomodação das vacinas em condições de temperatura desadequadas “já levou à perda de 20 mil doses, em Portugal”. No Porto, contudo, a questão é diferente, pois algo falhou na cadeia de comunicação do problema e 980 pessoas foram inoculadas com doses cuja eficácia pode ter sido posta em causa. E ainda nem sabem, sequer, se vão ter de repetir a toma.
Moreira descreveu as condições em que este centro foi montado. Lembrou que a proposta municipal de abertura de um Drive-Thru com apoio logístico da câmara, coordenação da ARS-Norte em parceria com o grupo privado que assegurava, desde o início da pandemia, a testagem de pessoas no Queimódromo, vinha já de Fevereiro. Inicialmente não foi considerada necessária, mas o autarca insistiu com as autoridades depois de testemunhar, no local, a confusão das longas filas de espera para vacinação no dia 24 de Junho, no Regimento de Transmissões do Exército Estavam 36 graus nesse dia, recordou o autarca, que destacou meios dos bombeiros e da polícia municipal para minorar aquela situação “grave”.
O serviço é feito “gratuitamente” pela Unilabs, lembrou Rui Moreira, dando conta que de 8 de Julho a 11 de Agosto “foram ali vacinadas 12500 pessoas, num ritmo normal”, até à decisão de encerramento, que considera justificada. “Queremos acreditar que, salvaguardando as condições de segurança, que não são da nossa competência, este centro continuará a merecer o nosso interesse”, disse, defende que “apurado o problema, rectificado o protocolo”, o centro volte a funcionar. “Se não entenderem assim, nós retiramos de lá os recursos que instalamos”, explicou.
“Tenho o maior dos respeitos pelo senhor vice-almirante Gouveia e Melo. Se ele decidir que o centro não deve funcionar porque houve quebra de protocolo, respeito perfeitamente. Mas acho que a cidade fica a perder. É importante e tem sido importante para a nossa população”, insistiu.
PS denuncia silêncio ensurdecedor de Moreira
Esta conferência de imprensa de Rui Moreira foi anunciada já durante a tarde de quinta-feira, dia em que o autarca fora atacado por um dos seus adversários nas eleições autárquicas que se avizinham. O socialista Tiago Barbosa Ribeiro acusou o independente de fazer “como faz sempre que há algum problema": “ou passa culpas para terceiros ou mantém-se desaparecido em local incerto”.
Perante aquilo que classificou como “o silêncio ensurdecedor da Câmara do Porto em relação a este caso”, o candidato reafirmou a sua “solidariedade com a task-force”, apelando a que todas as responsabilidades sejam apuradas. “Espera-se que este acontecimento sirva de exemplo e que doravante não existam mais pressões da autarquia sobre as autoridades de saúde, que têm tido um trabalho notável na gestão e no sucesso de todo o processo de vacinação”, insistiu o socialista, acusando Moreira de ter utilizado, no passado, “propaganda agressiva que mina a opinião pública”, para “pressionar publicamente as autoridades para a abertura de um centro de vacinação drive-thru no Porto, gerido por uma empresa privada, quando em todo o país o processo funciona em plena articulação entre o Governo, a task-force, as autoridades de saúde e os municípios”.
Tiago Barbosa Ribeiro lembrou que “no dia 5 de Abril, Rui Moreira fez votar na Câmara Municipal do Porto um memorando que afirma expressamente que “o Município do Porto criará, financiará e disponibilizará um Centro de Vacinação covid-19, em drive-thru, no Queimódromo do Porto, para facilitar o processo de vacinação em curso, assegurando a logística, operação, organização de fluxo, os técnicos de vacinação e o apoio médico no espaço”. Recordou, ainda que, em Julho, “quando foi autorizado, o centro de vacinação foi amplamente divulgado em todos meios da Câmara Municipal do Porto que na altura da sua abertura não se coibiu de atacar o Governo e a task-force pelo que considerou ser um “atraso” na autorização”, criticou o socialista.