Senhor/a presidente de junta, para as alterações climáticas temos o quê?
As autárquicas são as eleições de maior proximidade e, talvez por isso, acabamos por ser mais pragmáticos e menos ideológicos, nada a apontar nesse aspecto, mas já não digo o mesmo em relação a votar em caras e não em ideias.
Estamos a algumas semanas das eleições autárquicas, as listas já foram entregues, os candidatos escolhidos e a maioria dos cartazes já estão afixados, por isso, estamos na altura ideal para perguntar que ideias nos trazem os candidatos.
As autárquicas são as eleições de maior proximidade e, talvez por isso, acabamos por ser mais pragmáticos e menos ideológicos, nada a apontar nesse aspecto, mas já não digo o mesmo em relação a votar em caras e não em ideias.
A concessão da águas, os buracos nas estradas ou as refeições grátis no ensino primário são tudo óptimos temas de disputa política autárquica, tanto em 1998 como em 2021 mas, enquanto não fizermos perguntas diferentes não teremos ideias novas e ficaremos imóveis numa luta para a qual já estamos décadas atrasados.
O IPCC lançou recentemente o resultado do primeiro de três temas que compõem o Sixth Assessment Report sobre as alterações climáticas e as suas principais conclusões não surpreenderão os mais atentos. Os humanos são os responsáveis pelas alterações climáticas; muitos dos efeitos nefastos das alterações climáticos já se estão a fazer sentir; quanto mais tarde actuarmos, mais consequências teremos e menos eficazes seremos na sua mitigação.
Tendo tudo isto em conta que ideias estamos a pedir aos nossos decisores políticos? Que propostas pesam na hora de escolhermos o lugar da cruzinha? A nível individual, o voto é provavelmente a nossa maior ferramenta pela luta climática.
A democracia tem esta bonita vantagem que é não só escolhermos dentro do cardápio de escolhas aquela que mais nos agrada, mas também exigir aos candidatos que tragam novos tópicos a debate, que tenham um rasgo de novidade.
Por isso, senhor ou senhora presidente de junta, para as alterações climáticas temos o quê?
- As casas com deficiências energéticas estão sinalizadas para poderem aceder aos fundos de apoio? Há apoio para as pessoas menos capacitadas poderem aceder a estes?
- As matas por limpar estão sinalizadas? Os caminhos de acesso dos bombeiros estão limpos e desobstruídos?
- Os habitantes com mais susceptibilidade de sofrer consequências de ondas de calor estão sinalizados?
- Que novos espaços verdes teremos?
- O que estamos a fazer para melhorar a qualidade do ar?
- O que estamos a fazer para reduzir o desperdício alimentar?
- Que incentivos temos à mobilidade verde?
- Os edifícios da junta de freguesia são energeticamente sustentáveis?
- As margens dos nossos rios e sistemas de drenagem estão dimensionados para o caudal que podem vir a ter?
- Que metas de emissões de carbono pretende alcançar? Como incentivaremos e apoiaremos as empresas para que atinjam os seus objectivos de emissões?
Precisamos de desconstruir a ideia de que ou tudo tem de ser resolvido a nível governativo central ou tudo a nível individual e nesse aspecto as freguesias, cidades e comunidades municipais permitem o equilíbrio ideal entre a capacidade de implementação e a proximidade que permite maior feedback dos efeitos esperados e inesperados, aproveitemos.